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Vida em comunidade / A vida em comunidade
ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA
                    “JESUS É O SENHOR”
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A VIDA EM COMUNIDADE
 
 
           Já estudamos a Igreja em vários aspectos. Compreendemos que Deus tem um propósito maravilhoso e imenso para a noiva de Seu Filho amado, por isso a salvou, justificou e concedeu-lhe os sacramentos. Tudo para prepará-la para um dia reinar com Ele. Um dos aspectos importantíssimo que a Igreja precisa aprender aqui na terra, para que possa estar à altura do Seu noivo nos céus; é a vida em comunidade. É a vivência fraternal.
               “Cristo Jesus veio salvar pecadores...eu” (I Tm.1,15), esse é o aspecto individual da salvação.
              “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef.5,25), é o aspecto coletivo da salvação.  Cristo disse que edificaria sua Igreja (Mt.16,18). “Edificarei” é no tempo futuro. Tudo deu início, ao que parece, no dia de Pentecostes (At.1,15; 2, 1-4). Aos poucos outros vieram e “perseveraram em comunhão”(At. 2,42-47). Ligados e identificados com Cristo pela fé, os cristãos constituem uma grande família. (At.4,32). É como o exemplo de uma roda. Para formá-la é necessário o cubo (Jesus), no qual estão embutidos os raios (cristãos), que são ligados pelo aro (amor) . Aí está composta a Igreja.
 
 A)  IGREJA UNIVERSAL E LOCAL
         Mt.16,18- aspecto universal da igreja (todos os salvos por Cristo composta dos cristãos vivos sobre a terra, e dos que já estão com Cristo).
             Mt.18,17- aspecto local da igreja.
           O vocábulo Igreja (ekklésia - convocação) é usado nestes dois sentidos no N.T., Deus “Convoca” seu povo de todos os confins da terra, o termo “Kyriake” do qual deriva “church”, “Kirch”, significa “a que pertence ao Senhor”. A Igreja é o povo convocado por Cristo que pertence  a Ele, e o confessa como Seu Senhor (Rm.10,9). A Ele se submete, não reclamando nenhum direito de orientar suas vidas: são filhos de Deus, guiados pelo Espírito Santo (Rm.8,14). Por isso é tão natural que Cristo seja o cabeça da Igreja (Ef 1, 22). É interessante notar que Cristo não é um monstro, para que tenha vários corpos. Existe uma cabeça e um corpo. Portanto as divisões e diferenças no meio do povo do Senhor, não vêm de Deus, mas dos homens.
 B)  CREIO EM UMA SANTA IGREJA CATÓLICA E APOSTÓLICA                                                                            (LG 8 )
           Una   -  A Igreja é uma, na qualidade de organismo, seus componentes são
“todos um em Cristo Jesus”. Unidade não é igualdade, nem uniformidade. Apesar das divisões externas, essa unidade não deixou, nem deixa de existir.
        Santa - O Senhor, seu fundador,  a Santificou (Ef.5,26), constituindo-a de pessoas santificadas, separadas para Deus.
                 A Igreja  é  portanto  “o  povo  santo  de Deus” (LG 12) e seus membros são chamados “santos”  (I Cor.6,1).       
      Católica - que significa universal, pois abrange todos os que  foram salvos de todas as terras, raças, cores e culturas (Ap.5,9)
          Todos os homens, pois, são chamados a esta católica unidade do Povo de Deus, que prefigura e promove paz universal. A ela pertencem ou são coordenados de modos diversos quer os fiéis católicos, quer os outros crentes em Cristo, quer enfim todos os homens em geral, chamados pela graça de  Deus. (LG 13)
            Apostólica - porque é edificada sobre o fundamento dos apóstolos (Ef.2,20)e quando “persevera na doutrina dos apóstolos”. (At.2,42)
 
 C)     FIGURAS DA IGREJA
 
 1) Corpo de Cristo
    É impressionante a sabedoria concedida por Deus a Paulo, para descrever o funcionamento da Igreja como um corpo (Rom.12,4-8 e Icor.12).
a)  I Cor. 12,18 - Deus é quem dispõe os membros do corpo como Ele quer, por isso revoltar-se com nossa posição é revoltarmo-nos contra Ele próprio. Também não podemos ser um membro inativo, pois iremos “atrofiar”.
b) Rom 12, Ef.4,12 - Há uma diversidade de dons e funções dos membros do corpo. É importante lembrar que só seremos felizes e produziremos frutos na função que Deus nos colocou. Por ex. a função do nariz é cheirar, e para isso recebeu o “dom” do olfato. Não adianta o dedo querer ter o “dom” do olfato, pois a sua função é outra.
c)  I Cor.12,21-23 - Todos são importantes. Ninguém é dispensável. Vejamos os cílios, sem eles, entraria sujeira no olho, que por sua vez não enxergando, poderia levar o corpo a tomar um tombo. Nós somos dependentes uns dos outros. O olho não desempenha sua função sem os cílios. O pé depende do dedinho (aquele que tem mais calos) para dar sustentação para o corpo, e assim por diante.
d)  I Cor. 12,24b-25a - Os membros são coordenados por Deus, para que não haja divisão.
e)  I  Cor.12,25b -  Cooperação dos membros. É fundamental. O Corpo não vai a lugar algum se seus membros não cooperarem entre si, por ex.: a cabeça ordena ao corpo que apanhe um lápis que caiu no chão, o olho localiza o lápis, a perna dobra-se, o tronco flexiona-se, o braço estende-se e a mão pega o lápis. Há total coordenação para que o desejo da cabeça seja cumprido.
          O mais importante é termos em mente, que se somos um corpo, e Corpo de Cristo, estamos em Cristo, fazemos parte Dele. Onde Ele vai, seu corpo vai junto. Ele está “assentado nos céus”? Nós estamos com Ele. Ele morreu? Morremos com Ele. Ressuscitou? Ressuscitamos com Ele. É Santo? Somos santos nEle. É justo? Somos justos nEle. Tem poder e autoridade? Temos poder e autoridade nEle. É amor? Somos inundados de amor nEle.
         Vejamos o que Santo Agostinho nos ensina a este respeito.
        “Alegramo-nos, portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos, mas o próprio Cristo. Compreendeis, irmãos, a graça que Deus nos concedeu ao dar-nos Cristo como cabeça? Admirai, rejubilai, nós nos tornamos Cristo. Com efeito, uma vez que Ele é a cabeça e nós somos os membros, o homem inteiro é constituído por Ele e por nós. A plenitude de Cristo é, portanto, a cabeça e os membros, que significa isto: a Cabeça e os Membros? Cristo e a Igreja.
 
2) A Esposa de Cristo  
         A Igreja é apresentada como a “esposa” do Cordeiro, manifestando desta forma o relacionamento pessoal entre os dois, relacionamento este que envolve amor e entrega de um lado; submissão do outro (Ef.5,22-32). Demonstra o cuidado profundo de Cristo, ao purificar e adornar Sua noiva, preparando-a para o casamento (Ap.19, 7-9). Indica também a unidade entre os dois (I Co.6,15-17).
3) Israel de Deus
           (Gl.6,16)  A Igreja é o “Israel espiritual”. O tratamento, as exigências de Deus para Israel, são como figura do que Ele quer para Sua Igreja.
4) Rebanho de Deus
            A Igreja com cada ovelha, forma o rebanho, do qual é o Cristo o pastor
           (Jo.10,1-16; Jo.10,26-29); (At.20,28); (I Pe.5,3-4)
5) Templo do Espírito Santo
           Como o cristão individualmente é templo, ou santuário do Espírito Santo (I Co.6,19)
assim, também, o conjunto dos cristãos, a Igreja, é o templo e também a habitação de Deus. É edifício para “habitação de Deus no Espírito”. (I Co.3,9;16-17). O Espírito Santo faz da Igreja o “Templo do Deus Vivo”. (II Co.6-16-18). O Espírito é a alma do Corpo Místico de Cristo, dando vida a ele, e operando de múltiplas maneiras, para edificação do corpo. “Desta maneira aparece a Igreja toda com o povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. (São Cipriano - LG 4).
             É portanto o Espírito santo o responsável pela ação da Igreja no seu conjunto, e individualmente em cada membro dela. É Ele quem dá os carismas conforme a necessidade e distribui os dons e ministérios. (I Co.12,4-11), (Hb.2,4). Portanto a Igreja só pode caminhar sob a direção do Espírito, em submissão total a Ele. O Espírito é como o combustível do carro: sem ele o carro não anda, e com pouco combustível o carro anda uma distância curta.
          É necessário também reabastecer o carro, depois de caminhar. É por isso que Paulo recomenda “Enchei-vos do Espírito” (Ef.5,18).
        Sobre tudo isso, o papa Pio XII, em sua encíclica “Miystici Corporis”(Ds 3808), ensina: “A este Espírito de Cristo, como a princípio invisível, deve atribui-se também a união de todas as partes do corpo, tanto entre si, como com Sua cabeça, pois que Ele está todo na Cabeça, todo no corpo, e todo em cada um de seus Membros”
 D)  FUNÇÃO OU OFÍCIO DA IGREJA
             Jesus Cristo é aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e que constituiu “Sacerdote, Profeta e Rei”. No Antigo Testamento estas três classes eram distintas. Havia os sacerdotes (uma tribo), os profetas (tinham um chamado de Deus  específico) e os Reis (recebiam uma unção para exercer essa função). Deus deu a Jesus, a união dos três ofícios. (Hb.7,1-3), (Jo.4,44) (At.3,22), o povo de Deus inteiro participa destas 3 funções de Cristo e assume responsabilidade de missão e de serviço que daí decorrem. (I Pe.2,9).
1) Função Profética
              Todos somos chamados a “proclamar as excelências daquele que nos chamou” a anunciar as boas-novas, evangelizando com sinais e milagres a fim de revelar ao mundo o amor de Deus manifesto em Seu Filho Jesus Cristo. Somos testemunhas de Cristo, com a missão de ser o sal da terra e a luz do mundo(Mt.5,13-16). À Igreja cabe ser a voz de Deus na Terra, trazendo luz para as trevas, denunciando o pecado, a injustiça e anunciando o reino de Deus. (Mc.1,3;15,16) (Lc.9,2) (At.28,31) (Ef.5,10-14). Assim como os profetas, no A.T., anunciavam os juízos de Deus sobre a terra, e pregavam o arrependimento e a volta para o Senhor, assim também, a Igreja no seu todo, deve manifestar o amor de Deus ao mundo de maneira que se arrependam dos seus pecados e tenham a vida eterna. (Jo.3,16).
2) Função Régia
         Jesus foi proclamado Rei (Lc.19,38); (I Tm.6,15); (Ap.19,16) e afirmou que seu “reino não é deste mundo”(Jo.18,36). Jesus nos ensina como aprender a reinar. Aquele que quer reinar deve aprender primeiro a servir. (Mt.26). Para os cristãos “ reinar é servir” (LG 36).
             Esta função é de extrema importância porque aqui estamos aprendendo, para que na glória possamos desempenhar esta função sem erro algum.
             Deus quis que sua Igreja, a Companheira eterna de Seu Filho, se assentasse com Ele no trono e juntamente com Ele, pudesse reinar. (Ap.3,21; 5,10); (II Sm.2,12).
             Paulo confirma este propósito de Deus para a Igreja em (I Cor.6,2-3), podemos não saber o porquê de Deus dar o reino ao pequenino rebanho (Lc.12,32),  de Cristo resolver partilhar Seu trono e Sua Glória, mas sabemos que Ele quis faze-lo e que  tudo o que Ele faz é bom.
            O trabalho do Espírito Santo agora é ensinar a reinar; vencendo o pecado e o inimigo quebrando o poder das trevas e crescendo até chegar “a medida da estatura do varão perfeito” (Ef.4,13). Esse “treino” do General com seu exército, passa pelo “servir” e fazê-lo com amor. Ninguém pode reinar se não amar e servir como “Jesus”, para chegar à glória, passou primeiro pela cruz, aprendendo a obediência pelo sofrimento (Hb 5,8), e somente depois de ter aprendido e suportado tudo, pode tornar-se “salvação eterna”(Hb.5,9-10). Assim também nós, temos que passar pela cruz, para depois chegar a glória do reino (Mt. 10,24-25).
            As experiências que temos aqui na terra, as correções e transformações que o Senhor faz em nossa vida, as lutas que temos, tudo enfim, faz parte do aprendizado, corrida, da carreira que temos a cumprir, para que possamos  reinar com Cristo. Em Jz.3,1-4, vemos que o Senhor não destruiu todos os inimigos de uma vez, para que pudesse provar o povo, e ensinar as novas gerações a combater. Assim também, o Senhor permite que o inimigo ataque seu povo, para nos ensinar a lutar e a combater, para nos treinar como soldados valorosos, que vão formar o exército do Senhor (Ef.6,12).
        O pai corrige o filho que ama, sabendo que se permitir que ele ande por caminhos maus, terá um futuro ruim; da mesma forma, um pai não sai corrigindo os filhos dos outros, porque não tem autoridade para isso. Deus, nosso Pai, nos corrige e ensina porque nos ama, e quer preparar-nos para assumir o posto que Ele reservou para nós (Hb.12,4-13) . Muitas vezes não entendemos porque os ímpios prosperam, e parece que nenhum mal lhes sucede. Acontece que não são filhos, embora sejam tão amados quanto os filhos. O Senhor só vai corrigi-los, quando se tornarem filhos embora a bíblia esteja repleta de avisos sobre a destruição que está reservada aos ímpios. (Sl.72,3-22), como por exemplo: Se você vê um jovem que não é seu filho, largando a escola, andando em más companhias e mexendo com drogas, você pode até avisá-lo da destruição que isso lhe causará, mas não pode tomar nenhuma atitude concreta de corrigi-lo ou castigá-lo, porque cabe aos pais dele.
            Sabemos que “se com Ele sofremos, com Ele reinaremos” (Rm.8,17);(II Tm.2,12) É pois necessário passar por um período de aprendizado, de obediência, de aniquilamento do “eu” através da cruz, para que possamos chegar a reinar. Para se chegar ao trono passa-se primeiro pela cruz. Para se chegar à glória passa-se primeiro pela morte. Não é possível ter autoridade, se primeiro não aprendermos a ser servos.
          Além de esse processo ter um aspecto individual, onde cada pessoa recebe um tratar do Espírito Santo, para levá-la à obediência; há também um processo coletivo, onde o Espírito Santo prepara toda a Igreja para assumir seu posto de co-herdeiro e assim reinar com Cristo. O Salmo 18, 34 diz: “O Senhor adestra minhas mãos para o combate”. Cada experiência, cada circunstância de nossa vida é usada por Deus para nos treinar nesta luta.
            Se nenhum fio de nosso cabelo cai sem que Ele permita, quanto mais cada fato, por simples que seja, estará debaixo de seu domínio e controle. (Cl.1,15-17) . É preciso que nos lembremos que a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra as potestades do mal (Ef. 6,12). O Senhor permite que lutemos com o inimigo, para aprendermos a vencê-lo e subjugá-lo. Estamos por assim dizer numa “guerrilha”, o inimigo já foi vencido, perdeu a guerra, mas permanece com seus guerrilheiros tentando causar o maior número possível, de baixas no exército vencedor. O nosso Deus é chamado de “Senhor dos Exército”  (Is.6,3);
(I Cr.17,24); portanto Ele luta, combate e nós combatemos por Ele. Aleluia!
            Nós ainda não nos conscientizamos do poder que o Senhor tem dado a sua Igreja, e do valor que ela possui. O único exército capaz de deter o inimigo, e impedir que ele avance em seus propósitos malignos sobre a terra, é a Igreja. Somos nós que com oração, mais louvor e pregação da palavra, não permitimos ao inimigo assolar as pessoas aqui neste mundo. Quando entoamos cânticos e oração num grupo de oração, ou celebramos uma missa, não podemos imaginar o alcance, e os efeitos espirituais destes atos. Nós não sabemos quantas pessoas foram salvas, foram libertas, ou o inimigo não pôde destruí-las, porque a Igreja estava reunida em oração.
            Que o Senhor nos conceda Seu Espírito de sabedoria e revelação, para que tendo iluminado os olhos de nosso coração, possamos compreender a grandeza da sua vocação para nós. (Ef.1,15-23).
3) - FUNÇÃO SACERDOTAL
          Através do batismo, pela fé, e como povo de Deus, somos chamados a ser sacerdotes, participantes do sacerdócio de Cristo. “Pois os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados casa espiritual e sacerdócio santo”.(LG.10). Os sacerdotes do A.T. eram os intermediários do povo, no relacionamento com Deus., No N.T., Cristo é o “Grande Sumo Sacerdote”(Hb.4,14;10,25) e todos os seus remidos são por Ele constituídos “sacerdotes para seu Deus e Pai”(Ap.1,5-6). Assim a Igreja (conjunto de todos os remidos) é um sacerdócio, que se coloca entre Deus e os homens, para exercer o ministério da reconciliação (II Co.5,18-19). Como tal, oferece sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo (I.Pe.2,5). Os cristãos, pois possuem comunhão uns com os outros, celebram a eucaristia, oram juntos ao Pai e buscam conhecer os ensinamentos de Deus para orientação de suas vidas, tanto individual , como coletivamente.
          O Sacerdócio do A.T. e do N.T., possui algumas diferenças. No A.T. eram sacerdotes apenas uma família ( de Aarão)., da tribo de Levi. O restante da tribo eram seus auxiliares. No N.T., todos sem exceção, que são batizados, participam do sacerdócio de Cristo e de suas responsabilidade. O sacerdote do A.T. oferecia sacrifícios pelos pecados, (Hb.8,3) ao passo que no N.T. o nosso Sumo Sacerdote, “Jesus” ofereceu-se uma vez para sempre, para nos tirar os pecados. (Hb.9,28), e agora nós, seu povo, apresentamos nossos corpos como sacrifício vivo ao Senhor (Rm.12,l)
            A Igreja como integrante desta função, participa da responsabilidade e sentimentos de Cristo para com Seu povo, e para com aqueles que não conhecem a Deus. Cristo através do seu sacrifício, salvou a humanidade, resgatando-a dos seus pecados, vivendo hoje para interceder por ela (Hb.7,25). A Igreja, apresentando-se a si mesma como sacrifício vivo , renuncia a si própria, para anunciar a mensagem de reconciliação, e assim trazer os homens para Deus. Ela se coloca como aquela que cheia de compaixão pêlos pecadores que não conhecem a Cristo e pelos seus membros enfermos, assume o papel de intercessora junto com Cristo, transformando pela oração, as circunstância, os fatos e as pessoas. Um chamado para o sacerdócio, é principalmente um chamado para o sacrifício e oração. Vejamos o que nos ensina São Leão Magno (Serm.4,1) “Todos os que renasceram em Cristo obtiveram, pelo sinal da cruz , a dignidade de rei e pela unção do Espírito Santo receberam a consagração sacerdotal.”.  Por isso, não obstante o serviço espiritual, todos os cristãos foram revestidos de um carisma especial .
 
E) CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DA IGREJA DE DEUS
            O Novo Testamento, estabelece princípios eternos para o corpo, isto é, a igreja enquanto comunidade, no seu todo, na sua vida coletiva. Estes princípios devem orientar e ser como um rumo a guiar nossos passos (Lâmpada para os meus pés...Sl.ll9,105), e detoda a Igreja de Cristo, em todas as épocas. Se nós como povo , apresentamos estas características, logo seremos identificados como Igreja de Deus. Por exemplo: Se vejo um bicho com asas, logo identifico que voa, se tiver bico e penas sei que é uma ave, pelas corese formas características que possue, me permitem distinguí-lo e classificá-lo. É assim também com os cristãos. Pela forma de viver, agir e pensar, são distinguidos das demais pessoas e podem ser identificados como pertencentes a Igreja.
Vamos estudar agora estas características.
1) SUBMISSÃO A CRISTO
 
a) Ter Cristo como o Senhor - Eis aí uma profunda e fundamental característica. Ela é a base de todas as outras. Sem ela, é impossível que as demais características se manifestem na sua plenitude; talvez por isso seja tão difícil e tão combatida por satanás.
            É preciso que saibamos que Cristo foi feito Senhor por Deus. (At.2,36). Ele é digno de receber este titulo por causa das obras que fez.(Ap.5,12). Graças a sua obediência e submissão ao Pai, recebeu um nome que está acima de todo o nome; recebeu domínio sobre todo o universo e poder sobre todas as coisas. Tudo lhe está sujeito, tudo lhe deve obediência. Ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores!(Fp.2,8-10);( I Pe.3,22);(Is.9-6).
b) Confissão - Quando uma pessoa, pela ação do Espírito Santo, tem seus olhos abertos para ver, os ouvidos para ouvir, e o coração para entender, ela passa a crer lá no seu íntimo, e externa esta crença com a sua confissão.(Rm.10,9);(I Co.12,3). Ao confessar a Cristo como Senhor e portanto seu salvador, ela está reconhecendo que Ele é o filho de Deus encarnado, que derramou seu Sangue para obter nossa salvação, e que por toda Sua obra e justiça, Deus o fez Senhor. Ao reconhecer isto, está assumindo um compromisso de ser submisso a este Senhor. A partir daquela confissão, a pessoa deixa de governar sua própria vida, de ser “dona” das coisas que possui e de agir de acordo com o que lhe parece bem (Jz.21,25). Ao confessar a Cristo como o Senhor, é como se a pessoa assinasse uma renúncia a si mesma. Assim como o presidente do país pode renunciar a governar o país, a pessoa renuncia a governar sua vida; e qualquer ato que vá contra a vontade de seu Senhor. Daquele dia em diante, ela crucifica seu eu e morre para si mesma, para viver para Cristo.
c) A vontade do Senhor  - (Gl.2,20) Fazer a vontade do Senhor, não é um fardo, mas sim uma fonte de alegria, pois o Espírito Santo nos impulsiona a obedecer o Senhor; e esta vontade coincide exatamente com o melhor para minha vida, é exatamente o que me fará feliz. (Sl.40,8 ou 39,9). Muitas vezes recusamo-nos a fazer a vontade do Senhor, ou relutamos em fazê-la, porque temos medo de ficarmos infelizes. É falta de fé. A submissão exige fé total, de que o Senhor tem sempre o melhor para nossas vidas. Jamais o Senhor pedirá a nós algo que nos deixe infelizes. Sempre, em todas as situações, sem exceção, a vontade perfeita do Senhor coincide com a nossa plena  realização e felicidade. O problema é que nós somos falhos. Os caminhos de Deus não são os nossos ( Is.55,8), nós não sabemos o que é melhor, por isso tantas vezes batemos o pé, e quebramos nosso compromisso de submissão, porque achamos que vamos viver melhor se fizermos o que pede a nossa carne.(Gl.5,17); (Rm.8,5-8).
            Para sabermos a vontade do Senhor, temos a palavra de Deus que nos guia (Lc.11,18); (Hb.4,12), temos a unção do Espírito Santo que nos ensina e dá testemunho interior (I Jo.2,20 e 27) e temos a paz, que é o juiz das nossas ações.(Cl.3,15);(I Jo.3,21-22); (I Cor.14,33).
d)  Submissão à Cristo - Reconhecendo que a vontade perfeita de Deus, sempre coincide com a nossa felicidade e realização, se queremos ser pessoas plenas e felizes, temos que submeter todas as áreas de nossa vida, ao Senhorio de “Jesus Cristo” (II Cor.5,17).
         Para que possamos fazer isto é preciso reconhecer que somos pecadores e nos humilhar perante ao Senhor. É preciso também reconhecer que a insubmissão é uma rebelião contra o governo e a direção de Deus, e é o mesmo pecado que levou à satanás à queda. É um pecado seríssimo porque todos os demais originam-se dele. Lúcifer caiu porque rebelou-se contra Deus, achando que poderia ser Deus e portanto dirigir o seu caminho. Durante toda a vida de “Jesus” na terra, satanás o tentou para que se rebelasse contra a vontade divina. Seu ataque contra nós também é esse: fazer com que saiamos da vontade do Senhor, conscientemente, por rebeldia. Para o inimigo, não importa o quanto trabalhamos na obra do Senhor, desde que não estejamos cumprindo a vontade do Pai. É por isso que aqueles que expulsaram demônios e ministraram curas, surpreenderam-se no dia do juízo, com Jesus afirmando que não os conhecia. (Mt.7,21-23)
            A ordem do Senhor, quanto à submissão e as conseqüências da desobediência são claras: (II Cr. 30,7-8)
            A desobediência acontece em nossos corações, porque nos deixamos conduzir pela carne, e esta sempre luta contra os desejos do espírito. É da carne que provém a teimosia, o orgulho, a vontade própria, a incredulidade e a maldade; (Ne. 9,16);(Gl.5,19-21).
            O povo de Israel ilustra bem, de maneira concreta, o que acontece com a desobediência. Recusavam-se em ouvir Deus, seus profetas e sacerdotes. Andavam segundo seus corações ordenassem, e continuamente se deixavam contaminar pelas nações gentias, seguindo seus costumes. (II Rs.17,13-15;20).
            Conosco acontece o mesmo. Recusamo-nos a seguir os mandamentos do Senhor expressos  na “Sua Palavra”. Recusamo-nos a ouvir seus servos, que ele tem colocado para nos direcionar e orientar. Aceitamos aquilo que nos convém. Aquilo que implica em mudar de vida, renunciar a si mesmo e ao mundo, taxamos de fanatismo, radicalismo, etc., e damo-nos mil desculpas para não obedecer. Resistimos ao Espírito Santo, endurecendo nossocoração. Não aceitamos a correção do Senhor, e nos revoltamos contra “Ele”. Muitas vezes, procuramos o conselho e a orientação do ímpio. Quantas vezes também, procuramos aqueles que mesmo sendo da Igreja, vão concordar conosco e evitamos aqueles que apontarão nossos erros. É triste. É lamentável. Mas é preciso reconhecer que muitas vezes agimos assim. É o que o Senhor nos diz. (Pv.1,22-26);(At.7.51)(Eclesiástico 3,26).
            A conseqüência, é uma vida infrutuosa, infeliz, árida e sem experimentar as bênçãos de Deus. A escolha do homem, ao desobedecer a Deus, é o caminho da maldição, (Dt.11,26-28; 30,15-20); (II Tes.1,8); (Hb.2,2-3) e impedimento para as bênçãos de Deus e suas promessas se cumprirem nas nossa vidas. (Jr.18,9-10).
            Deus é amor, mas nos deu o livre arbítrio. Ele propõe o melhor caminho, que nos fará felizes e nos dará a vida eterna, mas cabe a nós escolher. Não é Deus que nos faz mal, mas a escolha que fazemos que nos leva a situações comprometedoras.
            Por exemplo. Deus não mandou ninguém fumar, mas a pessoa optou por isso e vai colher as conseqüências físicas do vício. Não adianta culpar Deus pelo efisema ou câncer pulmonar.