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Antigo Testamento / Isaias 28
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ESTUDO VINTE E OITO
 
ISAÍAS
 
PALAVRA-CHAVE: Salvação
VERSÍCULOS-CHAVE: 9,5-6; 53,5
 
       Os estudiosos da bíblia afirmam que o livro de Isaias não foi totalmente escrito por ele. Dos 66 capítulos do livro, menos de 20 pertencem ao profeta que viveu em Jerusalém. Estes quase 20 capítulos estão concentrados na primeira parte do livro, em Is 1-39, o chamado Proto-Isaías. Os capítulos 40-55 foram produzidos por um profeta anônimo durante o exílio babilônico conhecido como Dêutero-Isaías ou Segundo Isaías. Depois do exílio, em Judá, foram escritos os capítulos 56-66 e vários outros que estão dentro de Is 1-39 por outros profetas anônimos. Is 56-66 é chamado hoje de Trito-Isaías ou Terceiro Isaías. Trata-se, portanto, de uma coletânea de oráculos proféticos de épocas bem diferentes. A redação final desta obra deve ter acontecido só por volta de 400 a.C. ou mesmo mais tarde. O livro completo de Isaías é o da época persa e da comunidade judaica pós-exílica. 
       É interessante notar como as profecias demoram a serem proclamadas. Às vezes temos a impressão que os profetas tinham revelações diárias ou semanais e notamos o quanto a verdadeira palavra de Deus demorava a ser “gerada” no coração do profeta. Muitas pessoas hoje buscam profecias, revelações, visões, como se isso fosse algo comum e quando não acontece, acham que Deus não está ali e acabam procurando igrejas ou locais em que haja sempre manifestações sobrenaturais. São os cristãos do “arrepio” como diz o padre Jorge, sempre medindo a benção pelo tanto de “arrepio” que provoca. Isso é perigoso porque nossa fé não pode estar baseada em sinais e sim num verdadeiro relacionamento com Deus, como diz o profeta Isaias em sua obra.
       O profeta nasceu durante o longo reinado de Ozias (781-740), rei de Judá ao sul e durante o reinado de Jeroboão II de Samaria, ao norte, ambos eram reis poderosos e prósperos. Nos dois reinos a situação social era de muita riqueza, imoralidade, injustiças sociais e adoração pagã crescentes. Seu longo ministério profético, de pelo menos 40 anos, abrange o período dos reis Joatão (740-734), Acaz (734-727) e Ezequias (727-698) em Judá. Isaías era casado com uma profetisa (8,3) e teve pelo menos dois filhos cujos nomes tinham avisos proféticos (7,3; 8,1). A tradição judaica o relaciona com a família real e que uma de suas filhas se casou com o rei Ezequias, neto de Ozias. De qualquer forma, era homem de cultura e boa posição social. Foi contemporâneo dos profetas Amós, Naum, Oseias e Miqueias. 
       De acordo como o historiador Josefus, foi martirizado durante o reinado do ímpio rei Manassés, que o amarrou em um tronco de árvore e o serrou ao meio com uma serra de madeira.
       A vocação do profeta é contada no capítulo 6, 1-13. No ano da morte do rei Ozias (aproximadamente em 740 a. C.), recebeu uma grande visão, que marca o seu chamado para sempre e se torna o centro de sua profecia, tal foi o impacto causado pela experiência de Deus que teve nesta visão. Ao contemplar a santidade do Senhor, teve revelada a iniquidade do homem e sua pequenez; a força desta visão o sustentou durante todo seu ministério, principalmente nas perseguições e tribulações. Esta experiência de Isaias nos mostra como é importante termos uma experiência com o Senhor, só um relacionamento profundo com Ele pode nos sustentar nos momentos de dor e tribulação e impedir que desistamos.
        Deus, o “santo de Israel”, em sua santidade desmascara a pecaminosidade do homem. É o resumo de sua obra: de um lado vê o Deus santo e do outro a cegueira do povo e suas consequências.
       A situação interna de Israel mostrava uma nação doente (Is 1, 2-4.10-23; 3,12-26; 5, 8-24; 10,1-2; 22,15-25). Havia idolatria, imoralidade, hipocrisia religiosa, um ritualismo que não produzia fruto, muita injustiça social e uma elite que se recusava a encarar estes problemas. No início de seu ministério, o país era próspero, podendo ser comparado com a época de Salomão, porém esta prosperidade causou cobiça interna e mundanismo.
       A adoração verdadeira estava virando formalidade. As pessoas estavam freqüentando o Templo, porém faziam o certo (frequentar) pela motivação errada (tradição, formalismo). Com isso enchiam o Templo com iniqüidade e solenidade. Porque as pessoas que viviam levando tantas oferendas para Iahweh são as mesmas que não se importavam em fazer o direito (mishpât) funcionar, que não faziam justiça ao desprotegido órfão e à abandonada viúva. Isaías, fala em um dos textos proféticos mais violentos, contra um culto que funciona só para mascarar as injustiças que se cometem no dia-a-dia, pede aos príncipes de Sodoma e ao povo de Gomorra - na verdade, de Jerusalém! - para ouvirem a palavra de Iahweh em 1,10-20. 
       O governo é corrupto gerando injustiça levando o profeta a falar da cidade personificada na imagem de uma prostituta que se vendeu à injustiça (1,21-26). Os homens desta época se curvavam diante dos ídolos fabricados por eles mesmos e criam na força de suas riquezas e no poderio de seus exércitos, importando costumes estrangeiros proibidos em Israel. Isaías profetiza que os homens de sua terra perderão esta segurança, serão humilhados até o pó da terra, em condições subumanas, porque todas as obras das quais se orgulham, quer sejam da natureza, quer sejam as produzidas por suas mãos serão condenadas por Iahweh (2,6-22).
       Eles abandonaram o culto e o temor a Javé (javismo- que desde o relato da criação usa o nome Iahweh, com o qual   Deus se revelou a Moisés, tem estilo próprio e mais ligado ao culto), que na prática traduziu-se por mais injustiças denunciadas por Isaias nos seis ‘ais’ de 5,8-24, como o comportamento dos ricos e latifundiários, dos que vivem em grandes festas custeadas pelo trabalho dos pobres, dos que exploram o povo negando-lhe a justiça e dos que se fazem grandes e importantes vivendo em grandes banquetes.
       Isaías, assim como Amós, ataca os grupos dominantes da sociedade: autoridades, magistrados, latifundiários, políticos. É duro e irônico com as damas da classe alta de Jerusalém que andam cobertas de joias em Is 3,13-24,
       O panorama histórico é de uma nação ameaçada pelo expansionismo do império assírio. Em 745 a.C., Teglat-Falasar III sobe ao trono e vai submetendo nações com a tática da vassalagem forçada, impostos crescentes, repressão sem piedade, conquista e colonização. Assim vai conquistando a Babilônia, Síria e Palestina.
       Por volta de 735-733 a.C., acontece a primeira grande crise, com a guerra siro-efraimita. O rei Facéia, de Israel, fez uma aliança com Damasco (Síria) e ambos decidiram invadir Judá, derrubar Acaz e colocar um estrangeiro em seu lugar, para usar o reino do sul numa coalizão militar contra a Assíria. Acaz, rei de Judá, acuado, resolveu pedir o auxílio da Assíria e Teglat-Falasar III acabou com Damasco e tomou 3/4 de Israel, reduzindo o país a quase nada. Aliás, poucos anos depois, em 722 a.C., Samaria foi destruída pelas tropas assírias de Salmanasar V e de Sargão II, pondo fim ao reino do norte que congregava a maior parte das tribos israelitas. Judá, por enquanto, escapou da destruição. A famosa profecia do Emanuel (7,14) foi proferida nesta ocasião.
       Em consequência desta aliança, Judá perdeu sua independência. Entre outras coisas, Acaz viu-se obrigado a reconhecer os deuses assírios como seus libertadores e a prestar-lhes culto. Além disso, o rei de Judá foi obrigado a apresentar-se a Teglat-Falasar III para prestar-lhe obediência e teve que pagar forte tributo à Assíria, perdendo tesouros do palácio e do Templo e aumentando os impostos pagos pelo povo. Então, a injustiça, que já era moeda corrente na época anterior, como denunciava Isaías, correu solta. A religião oficial era mantida pelo Estado e se calava, ou melhor, encobria os problemas com grandes festas, como se tudo estivesse bem. A situação econômica, entretanto, tornou-se péssima e Acaz ficou desmoralizado frente ao povo de Judá.
       Outra situação de perigo foi em torno de 713 a.C., quando a cidade filisteia de Ashdod rebelou-se contra os assírios (Is 20).
       Em 701 a.C., mais uma crise: Ezequias revoltou-se e provocou a campanha de Senaquerib, que destruiu 46 cidades fortificadas de Judá e sitiou Jerusalém. A maior parte do reino do sul foi saqueada. Jerusalém não foi destruída e Ezequias continuou no trono (Is 36-38).
       A essência da pregação de Isaias é que o homem de sua época restabeleça o equilíbrio perdido na sua relação com Iahweh. O homem de seu tempo se colocara numa posição de arrogância, dominando e decidindo tudo segundo mesquinhos interesses, sem se preocupar com a justiça e solidariedade. Isaías chama o povo para converter-se, praticar a justiça e ser leal ao Senhor. Deixar o ritualismo e praticar uma adoração sincera, que se traduz em obediência, confiança no Senhor e prática de obras de justiça.
       Isaías exige fé em Deus, como diz a Acaz em 7,9, confiança em Deus e não nos próprios recursos. Para ele a fé é feita de firmeza, calma e humildade. Para ele, a salvação não se traduz por riqueza e prosperidade, mas por um culto purificado e verdadeiro a Deus. Ironicamente, o fato de Israel ter riqueza e luxo é que a tornou motivo de cobiça dos Assírios. O reino ideal em Is 11 não é um império poderoso, mas de paz e simplicidade.
       Nos capítulos chamados de Segundo Isaías, nos primeiros anos do século VI a.C., encontramos o reino de Judá em ruínas. Em 586 a.C. Jerusalém foi destruída pelos babilônios. A situação era de morte e humilhação. Profetiza durante a última parte do exílio babilônico, exortando os judeus a não desanimarem. Para isso, apresenta o Deus-Javé, criador do céu e da terra, Senhor da vida e da História, como o único Deus; diante dele, todos os deuses babilônicos, a começar por Marduc, nada são e nada valem. Descreve o segundo êxodo como superior e mais glorioso que o primeiro, o de Moisés. Mostra que Deus comanda a História, pois tudo depende do mistério da vontade divina.
É o primeiro evangelista da História da Salvação, que anuncia a Boa-Nova da salvação-libertação. Em 539 a.C., o rei persa Ciro conquistou a babilônia e em um ano autorizou os exilados Judeus a voltarem para casa, como fora profetizado anos antes (41,25; 44,28; 45,1.4.13; 48,14; 2 Cr 36,22.23). As profecias do segundo Isaías foram escritas para exortar o povo a reformular sua fé. Fazem parte destes escritos os famosos “Cânticos do servo” que descrevem a Jesus de forma tremenda (42,1-4; 49,1-6;50,4-9; 52,13-53,12), incluindo a paixão e morte de Jesus, descrita de forma impressionante em torno de  500 anos antes de acontecer.
       O terceiro Isaías (56-66) originou-se mais tarde, depois que os exilados retornaram a Jerusalém e começaram a enfrentar as dificuldades desta realidade. Havia divisões na comunidade pós-exílica e um sentimento de desespero da parte do profeta. Predomina a visão escatológica, através dos opostos: julgamento dos inimigos e salvação dos israelitas, oposição entre povo fiel e infiel. O profeta pretende inspirar confiança e fé ao povo, no meio das dificuldades, do desânimo e da pobreza.
 
       Divisões do livro:
 
I. Oráculos sobre Judá e Jerusalém (1,1-6,13).
II. Livro da Consolação (7,1-12,6), que corresponde ao tempo da guerra siro-efraimita. Também é chamado "Livro do Emanuel".
III. Oráculos contra as nações estrangeiras (13,1-23,18).
IV. Apocalipses (24,1-27,13 e 34,1-35,10), que anunciam a renovação futura (escatologia) e são de um autor pós-exílico.
V. Oráculos de salvação de Israel e Judá (28,1-33,24).
VI. Apêndice Histórico, relacionado com o reinado de Ezequias (36,1-39,8).
VII.Deus Libertador (40,1-48,22).
VIII. Restauração de Sião (49,1-55,13).
IX. Culto verdadeiro e Promessas finais (56-66).
 
PERGUNTAS
 
1. Quais as 3 partes do livro de Isaías e em que época cada uma foi escrita?
2. Comente a frase: “É interessante notar como as profecias demoram a serem proclamadas”.
3. Faça uma pequena biografia do profeta Isaías.
4. Qual a importância da visão do capitulo 6 para a vocação de Isaías?
5. Por que é importante termos uma experiência com o Senhor?
6. Qual o resumo da obra de Isaías?
7. Como era a situação interna de Israel?
8. Por que a adoração verdadeira estava virando formalidade? Como isso pode acontecer em nossos dias?
9. Como agiam o governo e os homens daquela época?
10. O que acontecerá com eles segundo o profeta?
11. O que aconteceu na prática pelo fato abandonarem o culto e o temor a Javé?
12. Para que grupos dominantes da sociedade profetiza Isaías?
13. Como era o panorama histórico da nação?
14. Qual foi a primeira grande crise da nação? Explique.
15. Qual a consequência da aliança de Judá com a Assíria?
16. Qual a outra crise?
17. Qual foi a essência da pregação de Isaias? O que tem isso a nos ensinar nos dias de hoje?
18. O que Isaias fala da fé e confiança em Deus? Por que isso é tão importante para nós?
19. Testemunhe alguma situação de sua vida em que a fé foi fundamental.
20. Comente a frase: “a salvação não se traduz por riqueza e prosperidade”.
21. Como era a situação na época do segundo Isaias?
22. Para que foram escritas as profecias do segundo Isaías?
23. Fale sobre o terceiro Isaías.
24. Quais as lições deste livro para você?
25. Qual o trecho que mais marcou seu coração? Porque?