ESTUDOS > Estudos Bíblicos
Antigo Testamento / Jó 21
ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA
“JESUS É O SENHOR”
Rua Aquidaban, 731 – Vl. Mendonça- CEP 16015-100 - Fone: (18) 3624-2264 - Araçatuba-SP.
NA INTERNET:www.jesse.com.br EMAIL: jesse@jesse.com.br
CONTRIBUIÇÕES: Bco. Itaú - agência 7158 / conta corrente: 00021-1
ESTUDO VINTE E UM
JÓ
PALAVRA-CHAVE: Sofrimento
VERSÍCULO-CHAVE: 1,21
O livro de Jó faz parte dos livros poéticos da bíblia. Segundo Jr 18, 18, são três as fontes de orientação religiosa no A.T.: a lei, a palavra do profeta e o conselho do sábio. Jó fala a partir do contexto do sábio. É escrito no estilo da poesia hebraica, cuja forma não depende de rima ou ritmo, mas de paralelismo (arranjo de pensamentos em correspondência ou sentenças paralelas), ou seja, a poesia acontece mais na relação dos pensamentos do que nas palavras. A data e autor do livro são desconhecidos, embora alguns biblistas calculem por volta do ano 2000 A.C..
A história se passa na época patriarcal, possivelmente entre Gn 11 e 12. Jó morava em Uz, localizada, segundo alguns geógrafos, no Norte da Arábia, perto da terra ocupada pelos edomitas, e a leste da terra prometida à descendência de Abraão. Os sabeus ficavam ao sul, os caldeus, ao leste (1,1.3.15.17). Vivia dentro de um contexto cultural tribal. É o patriarca da tribo e preocupa-se com as necessidades dela, seu crescimento, prosperidade. Os laços de família são estreitos. Nesse contexto, a honra e a vergonha são essenciais. Um bom nome ou reputação tem peso e torna a pessoa honrada (a palavra ‘honra’, significa literalmente ‘ter peso’). Também usa a linguagem do ‘lamento’, que é uma forma dos israelitas extravasarem sua aflição em tempos de desgraça, como no livro das lamentações, de Jeremias, e muitos dos salmos. Em sua vergonha, ele extravasa seu lamento a Deus.
Este livro trata sobre o sentido da vida e o posicionamento do homem diante das adversidades da vida.
Embora muitos tentem dizer que Jó foi uma lenda e não um personagem real, nós podemos atestar que realmente existiu, pois foi citado no livro de Ez 14,14.20 e por S. Tiago em Tg 5,11. Ora, somente uma pessoa real teria força para se tornar um exemplo de perseverança, além disso, Jó é citado junto com Noé e Daniel, homens que comprovadamente existiram.
Outro fato interessante do livro de Jó é sua harmonia com os fatos comprovados da ciência, numa época em que não se tinha conhecimentos científicos, como em Jó 26,7, onde ele afirma que a terra está suspensa sobre o nada, contrariando as teorias da antiguidade, que diziam, por exemplo, que a terra se apoiava em elefantes que estavam em pé sobre uma grande tartaruga-marinha. As muitas outras descrições da terra e suas maravilhas, bem como dos animais selvagens e das aves nos seus habitats, são tão exatas que só mesmo o Senhor Deus poderia ser o Autor e Inspirador do livro de Jó. Ora, se podemos comprovar a inspiração de Deus por estes fatos singulares, como não crer na inspiração do Senhor ao nos ensinar como lidar com o sofrimento e as provações?
Jó foi provado por Deus em sua fé. Este livro nos traz ensinamentos profundos sobre o sofrimento, a perseverança nas provações, a benção que as lutas em nossas vidas produzem. Jó afirma em 7, 1ª: “A vida do homem sobre a terra é uma luta”; e realmente, sem lutas não há vitórias. Este belíssimo livro nos ensina a encarar as lutas até alcançar a vitória.
O livro conta a história de Jó, homem reto e sem culpa diante de Deus (1,8), despertando a inveja de satanás, que obtém de Deus a autorização para provar Jó com a finalidade de levá-lo a amaldiçoar a Deus e, portanto, renegar sua fé. Mostra também a conseqüência destas provações nos relacionamentos sociais (a reação da mulher de Jó; de seus amigos íntimos, que discutem a filosofia do sofrimento à luz da história e das leis naturais e da sociedade em geral) e finalmente, a benção que se segue àquele que persevera até o fim.
Esquema de Jó:
· 1-2 : Desafio de satanás à prosperidade de Jó.
· 3-31: Os amigos debatem as adversidades de Jó.
· 32-37: Novas explicações de Eliú.
· 38-41: Deus fala.
· 42: Confissão de Jó e restauração.
Lições do livro:
- Estratégias de satanás para nos afastar de Deus: O inimigo está continuamente rondando os servos de Deus, procurando afastá-los dele (1 Pe 1,8). Ele está continuamente diante do Senhor a nos acusar (Ap 12,10). Este é seu maior objetivo: levar um adorador a se tornar um murmurador, blasfemador e por fim apóstata (Hb 10, 25-31). A sua estratégia é claramente demonstrada no livro de Jó, mostrando as três áreas principais de seus ataques contra o povo de Deus: As finanças (1, 14-17), a família (1, 18-19) e a saúde (2,7-8). Em tudo isso Jó não pecou, mas continuou adorando ao Senhor (2,10b). É interessante que satanás não tem poder sobre a vida de um servo de Deus, isto é, ele não pode fazer o que quer (se pudesse certamente mataria a todos), mas precisa da permissão de Deus. Isto nos dá muita segurança, pois tudo o que chega até nós, passou por Deus primeiro, e Ele jamais vai permitir algo que não seja para o nosso bem (1 Co 10,13; Hb 2,18; Rm 8,28).
- O sofrimento nos leva a Deus e nos aperfeiçoa na santidade: Deus é muito bom, infinitamente misericordioso e cheio de compaixão para com todos, portanto, só permite o sofrimento que vai nos levar à salvação, e como diz o padre Jorge, o diabo só tira os sofrimentos que podem nos levar à salvação (Rm 5, 3-4). Todos os grandes santos passaram por muitas tribulações (Hb 11,36-38). Santo padre Pio, diz: "O sofrimento e' um dom de Deus. Feliz aquele que sabe tirar proveito dele!" Não nos esqueçamos que o próprio Jesus foi aperfeiçoado através dos sofrimentos que padeceu (Hb 2,10), imagine nós então, o quanto nos beneficiaremos com o sofrimento? Hoje existe uma cultura anti-sofrimento, uma cultura maligna de conforto a qualquer preço, que tem produzido muitas doenças psíquicas, pois não prepara o homem para as adversidades da vida. É importante lembrar que os grandes santos amavam o sofrimento, não de uma forma masoquista, mas como meio de se aperfeiçoar e se aproximar de Deus (2 Co 12,10).
- Por que do sofrimento? Uma lição muito importante deste livro, é que Deus nem sempre explica tudo. Muitas vezes não vamos entender as situações que estamos passando. Jó passa muitos dias implorando uma resposta sobre sua situação e quando Deus lhe responde, demonstra que Jó não tinha capacidade nem para entender a resposta, muito menos para discutir com seu Criador (Is 55, 8-9). E no final, Jó aprende a confiar simplesmente em Deus. Os amigos de Jó também tentaram explicar a situação (Elifaz, argumenta em cima de experiências pessoais, Bildad, argumenta em cima das tradições, Sofar, em cima das leis e religiosidade), mas não conseguiram e Deus os corrige mostrando que o sofrimento não é uma punição ou retribuição do mal feito apenas, mas também uma correção disciplinar, com a finalidade de educar (Hb 12, 1-13). Outras vezes o sofrimento é apenas parte do plano de Deus para nós, pois as promessas são iguais para todos, mas o plano de Deus é individual para cada um: João Baptista viveu no deserto e foi decapitado, Jesus foi crucificado, Paulo era culto e letrado e sofreu o martírio, mas outros servos de Deus nada lhes aconteceram (Mc 10,30). Porém, para todos os fiéis é reservado algum sofrimento (2 Tm 3,12).
- Tentações durante as provações: As condições que nos levam a “amaldiçoar” a Deus e, portanto, não obter a vitória são: a)Perplexidade que as provações causam em quem é cristão (por quê eu?), a conseqüência é a revolta. b) Continuação e agravamento das provações; a conseqüência é o desânimo. c) Protesto de sua justiça natural (eu não mereço); a conseqüência é a auto-piedade. d) Acusação de culpa, que pode vir dele mesmo ou dos outros (o que fiz de errado?), a conseqüência é o esfriamento. e) Reação das pessoas próximas ou não: como no caso da mulher de Jó que o incentivou a abandonar a Deus, seus amigos que o achavam culpado e não o compreendiam, ou as pessoas em geral que se riam dele e pareciam se alegrar com seu sofrimento, a conseqüência é não confiar em Deus e voltar ao pecado.
- É possível ser fiel a Deus no sofrimento: Muitas pessoas fogem mais do sofrimento do que o diabo da cruz. Quando vêm as provações tentam livrar-se delas de qualquer jeito, não importando o plano de Deus. É nestes momentos que muitos recorrem ao espiritismo, à magia, à adivinhação. Outros trocam de igreja, buscando aquela que fala o que ele quer ouvir e não o que precisa ouvir. Deus nos mostra que é possível ser fiel através da vida de Jó. Ele foi paciente e esperou nem Deus, confiando que Ele faria o melhor. Esta é a posição da vitória: esperar e crer. E a atitude daquele que espera e crê é continuar louvando e adorando independente das circunstâncias (Tg 1, 2-4; Rm 8,18).
- A vitória e a benção: Depois do sofrimento, a benção! Depois do capitulo 41, está o 42! Este é o final: a vitória! Aleluia! Após a revelação de Deus para Jó, e o aperfeiçoamento dele, vêm a colheita: o dobro de tudo que perdera! Jó apesar de ser um homem reto, tinha uma consideração de si mesmo além do que devia (cap. 31) e achava que o que fazia já estava bom.
Foi preciso que Deus lhe mostrasse através do sofrimento, que ele ainda não havia experimentado o melhor: contemplar a Deus (42,5). Somente depois da experiência que teve com Deus houve verdadeiro e
sincero arrependimento e a confissão de que ele não sabia nada. Jó humilhou-see colocou-se em seu devido lugar. Agora sim, era um verdadeiro adorador, pois sabia qual sua posição e qual a oposição de Deus. É interessante notar também, que Deus mudou a sorte de Jó quando ele intercedeu por seus amigos, mostrando o valor do perdão e da oração em favor de outrem. Enquanto ele clamou por si mesmo e só olhava para si, não aconteceu a benção. Quando teve a experiência de Deus, deixou de lado a si mesmo e pôde olhar para os outros, o que lhe trouxe a restauração (42,10).
QUESTIONÁRIO
- Por que podemos dizer que Jó é um livro poético?
- Em que época, local e contexto se passa a história?
- Por que podemos afirmar que Jó foi um personagem real?
- Qual o tema e ensinamentos principais deste livro?
- Do que se trata a história?
- Quais as 6 lições deste livro?
- Quais as estratégias de satanás para nos afastar de Deus? Você já foi atacado em alguma destas áreas? Como reagiu a estes ataques?
- Baseado em 1 Co 10,13; Hb 2,18; Rm 8,28; qual deve ser nossa estratégia para combater estes ataques?
- De que forma o sofrimento nos leva a Deus e nos aperfeiçoa na santidade?
- Pesquise a vida de algum santo ou personagem da bíblia que foi aperfeiçoado pelo sofrimento.
- Procure no dicionário o significado das palavras: sofrimento, paciência e perseverança.
- Dividam-se em grupo, durante as reuniões do crescimento, e testemunhem sobre os sofrimentos que passaram e o que isso mudou em suas vidas.
- Em sua opinião, qual o porquê do sofrimento?
- O que você entende da frase: as promessas são iguais para todos, mas o plano de Deus é individual para cada um. Você sabe qual o plano de Deus para sua vida?
- Quais as condições que nos levam a “amaldiçoar” a Deus durante as provações? Você já passou por algumas destas condições?
- Relacione as conseqüências das tentações nas provações. Se você está vivendo algumas destas situações, em qual tentação você está caindo?
- Você acha que é possível ser fiel a Deus no sofrimento? Por quê?
- De que forma a vitória e a benção vem depois do sofrimento?
- Qual a importância da intercessão pelos outros na restauração de nossas vidas?
- Retire do livro algumas bênçãos e promessas.
- O que mais marcou você neste livro?