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Antigo Testamento / Jó 21
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ESTUDO VINTE E UM
 
 JÓ
 PALAVRA-CHAVE:  Sofrimento
VERSÍCULO-CHAVE: 1,21
 
 
       O livro de Jó faz parte dos livros poéticos da bíblia. Segundo Jr 18, 18, são três as fontes de orientação religiosa no A.T.: a lei, a palavra do profeta e o conselho do sábio.  Jó fala a partir do contexto do sábio. É escrito no estilo da poesia hebraica, cuja forma não depende de rima ou ritmo, mas de paralelismo (arranjo de pensamentos em correspondência ou sentenças paralelas), ou seja, a poesia acontece mais na relação dos pensamentos do que nas palavras. A data e autor do livro são desconhecidos, embora alguns biblistas calculem por volta do ano 2000 A.C..
       A história se passa na época patriarcal, possivelmente entre Gn 11 e 12. Jó morava em Uz, localizada, segundo alguns geógrafos, no Norte da Arábia, perto da terra ocupada pelos edomitas, e a leste da terra prometida à descendência de Abraão. Os sabeus ficavam ao sul, os caldeus, ao leste (1,1.3.15.17).  Vivia dentro de um contexto cultural tribal. É o patriarca da tribo e preocupa-se com as necessidades dela, seu crescimento, prosperidade. Os laços de família são estreitos. Nesse contexto, a honra e a vergonha são essenciais. Um bom nome ou reputação tem peso e torna a pessoa honrada (a palavra ‘honra’, significa literalmente ‘ter peso’). Também usa a linguagem do ‘lamento’, que é uma forma dos israelitas extravasarem sua aflição em tempos de desgraça, como no livro das lamentações, de Jeremias, e muitos dos salmos. Em sua vergonha, ele extravasa seu lamento a Deus.
       Este livro trata sobre o sentido da vida e o posicionamento do homem diante das adversidades da vida.
       Embora muitos tentem dizer que Jó foi uma lenda e não um personagem real, nós podemos atestar que realmente existiu, pois foi citado no livro de Ez 14,14.20 e por S. Tiago em Tg 5,11. Ora, somente uma pessoa real teria força para se tornar um exemplo de perseverança, além disso, Jó é citado junto com Noé e Daniel, homens que comprovadamente existiram.
       Outro fato interessante do livro de Jó é sua harmonia com os fatos comprovados da ciência, numa época em que não se tinha conhecimentos científicos, como em Jó 26,7, onde ele afirma que a terra está suspensa sobre o nada, contrariando as teorias da antiguidade,  que diziam, por exemplo, que a terra se apoiava em elefantes que estavam em pé sobre uma grande tartaruga-marinha. As muitas outras descrições da terra e suas maravilhas, bem como dos animais selvagens e das aves nos seus habitats, são tão exatas que só mesmo o Senhor Deus poderia ser o Autor e Inspirador do livro de Jó. Ora, se podemos comprovar a inspiração de Deus por estes fatos singulares, como não crer na inspiração do Senhor ao nos ensinar como lidar com o sofrimento e as provações?
       Jó foi provado por Deus em sua fé. Este livro nos traz ensinamentos profundos sobre o sofrimento, a perseverança nas provações, a benção que as lutas em nossas vidas produzem. Jó afirma em 7, 1ª: “A vida do homem sobre a terra é uma luta”; e realmente, sem lutas não há vitórias. Este belíssimo livro nos ensina a encarar as lutas até alcançar a vitória.
       O livro conta a história de Jó, homem reto e sem culpa diante de Deus (1,8), despertando a inveja de satanás, que obtém de Deus a autorização para provar Jó com a finalidade de levá-lo a amaldiçoar a Deus e, portanto, renegar sua fé. Mostra também a conseqüência destas provações nos relacionamentos sociais (a reação da mulher de Jó; de seus amigos íntimos, que discutem a filosofia do sofrimento à luz da história e das leis naturais e da sociedade em geral) e finalmente, a benção que se segue àquele que persevera até o fim.
Esquema de Jó:
·         1-2 :    Desafio de satanás à prosperidade de Jó.
·         3-31:   Os amigos debatem as adversidades de Jó.
·         32-37: Novas explicações de Eliú.
·         38-41: Deus fala.
·         42:      Confissão de Jó e restauração.
   
 
 
 
 
 
 
 
   Lições do livro:
  1. Estratégias de satanás para nos afastar de Deus: O inimigo está continuamente rondando os servos de Deus, procurando afastá-los dele (1 Pe 1,8). Ele está continuamente diante do Senhor a nos acusar (Ap 12,10). Este é seu maior objetivo: levar um adorador a se tornar um murmurador, blasfemador e por fim apóstata (Hb 10, 25-31). A sua estratégia é claramente demonstrada no livro de Jó, mostrando as três áreas principais de seus ataques contra o povo de Deus: As finanças (1, 14-17), a família (1, 18-19) e a saúde (2,7-8). Em tudo isso Jó não pecou, mas continuou adorando ao Senhor (2,10b). É interessante que satanás não tem poder sobre a vida de um servo de Deus, isto é, ele não pode fazer o que quer (se pudesse certamente mataria a todos), mas precisa da permissão de Deus. Isto nos dá muita segurança, pois tudo o que chega até nós, passou por Deus primeiro, e Ele jamais vai permitir algo que não seja para o nosso bem (1 Co 10,13; Hb 2,18; Rm 8,28).
  2. O sofrimento nos leva a Deus e nos aperfeiçoa na santidade: Deus é muito bom, infinitamente misericordioso e cheio de compaixão para com todos, portanto, só permite o sofrimento que vai nos levar à salvação, e como diz o padre Jorge, o diabo só tira os sofrimentos que podem nos levar à salvação (Rm 5, 3-4). Todos os grandes santos passaram por muitas tribulações (Hb 11,36-38). Santo padre Pio, diz: "O sofrimento e' um dom de Deus. Feliz aquele que sabe tirar proveito dele!" Não nos esqueçamos que o próprio Jesus foi aperfeiçoado através dos sofrimentos que padeceu (Hb 2,10), imagine nós então, o quanto nos beneficiaremos com o sofrimento? Hoje existe uma cultura anti-sofrimento, uma cultura maligna de conforto a qualquer preço, que tem produzido muitas doenças psíquicas, pois não prepara o homem para as adversidades da vida. É importante lembrar que os grandes santos amavam o sofrimento, não de uma forma masoquista, mas como meio de se aperfeiçoar e se aproximar de Deus (2 Co 12,10).
  3. Por que do sofrimento? Uma lição muito importante deste livro, é que Deus nem sempre explica tudo. Muitas vezes não vamos entender as situações que estamos passando. Jó passa muitos dias implorando uma resposta sobre sua situação e quando Deus lhe responde, demonstra que Jó não tinha capacidade nem para entender a resposta, muito menos para discutir com seu Criador (Is 55, 8-9). E no final, Jó aprende a confiar simplesmente em Deus. Os amigos de Jó também tentaram explicar a situação (Elifaz, argumenta em cima de experiências pessoais, Bildad, argumenta em cima das tradições, Sofar, em cima das leis e religiosidade), mas não conseguiram e Deus os corrige mostrando que o sofrimento não é uma punição ou retribuição do mal feito apenas, mas também uma correção disciplinar, com a finalidade de educar (Hb 12, 1-13). Outras vezes o sofrimento é apenas parte do plano de Deus para nós, pois as promessas são iguais para todos, mas o plano de Deus é individual para cada um: João Baptista viveu no deserto e foi decapitado, Jesus foi crucificado, Paulo era culto e letrado e sofreu o martírio, mas outros servos de Deus nada lhes aconteceram (Mc 10,30). Porém, para todos os fiéis é reservado algum sofrimento (2 Tm 3,12).
  4. Tentações durante as provações: As condições que nos levam a “amaldiçoar” a Deus e, portanto, não obter a vitória são: a)Perplexidade que as provações causam em quem é cristão (por quê eu?), a conseqüência é  a revolta. b) Continuação e agravamento das provações; a conseqüência é o desânimo. c) Protesto de sua justiça natural (eu não mereço); a conseqüência é a auto-piedade. d) Acusação de culpa, que pode vir dele mesmo ou dos outros (o que fiz de errado?), a conseqüência é o esfriamento. e) Reação das pessoas próximas ou não: como no caso da mulher de Jó que o incentivou a abandonar a Deus, seus amigos que o achavam culpado e não o compreendiam, ou as pessoas em geral que se riam dele e pareciam se alegrar com seu sofrimento, a conseqüência é não confiar em Deus e voltar ao pecado.
  5. É possível ser fiel a Deus no sofrimento: Muitas pessoas fogem mais do sofrimento do que o diabo da cruz. Quando vêm as provações tentam livrar-se delas de qualquer jeito, não importando o plano de Deus. É nestes momentos que muitos recorrem ao espiritismo, à magia, à adivinhação. Outros trocam de igreja, buscando aquela que fala o que ele quer ouvir e não o que precisa ouvir. Deus nos mostra que é possível ser fiel através da vida de Jó. Ele foi paciente e esperou nem Deus, confiando que Ele faria o melhor. Esta é a posição da vitória: esperar e crer. E a atitude daquele que espera e crê é continuar louvando e adorando independente das circunstâncias (Tg 1, 2-4; Rm 8,18).
  6. A vitória e a benção: Depois do sofrimento, a benção! Depois do capitulo 41, está o 42! Este é o final: a vitória! Aleluia! Após a revelação de Deus para Jó, e o aperfeiçoamento dele, vêm a colheita: o dobro de tudo que perdera! Jó apesar de ser um homem reto, tinha uma consideração de si mesmo além do que devia (cap. 31) e achava que o que fazia já estava bom.
 Foi preciso que Deus lhe mostrasse através do sofrimento, que ele ainda não havia experimentado o melhor: contemplar a Deus (42,5). Somente depois da experiência que teve com Deus houve verdadeiro e
sincero arrependimento e a confissão de que ele não sabia nada. Jó humilhou-see colocou-se em seu devido lugar. Agora sim, era um verdadeiro adorador, pois sabia qual sua posição e qual a oposição de Deus. É interessante notar também, que Deus mudou a sorte de Jó quando ele intercedeu por seus amigos, mostrando o valor do perdão e da oração em favor de outrem. Enquanto ele clamou por si mesmo e só olhava para si, não aconteceu a benção. Quando teve a experiência de Deus, deixou de lado a si mesmo e pôde olhar para os outros, o que lhe trouxe a restauração (42,10).
QUESTIONÁRIO
  1. Por que podemos dizer que Jó é um livro poético?
  2. Em que época, local e contexto se passa a história?
  3. Por que podemos afirmar que Jó foi um personagem real?
  4. Qual o tema e ensinamentos principais deste livro?
  5. Do que se trata a história?
  6. Quais as 6 lições deste livro?
  7. Quais as estratégias de satanás para nos afastar de Deus? Você já foi atacado em alguma destas áreas? Como reagiu a estes ataques?
  8. Baseado em 1 Co 10,13; Hb 2,18; Rm 8,28; qual deve ser nossa estratégia para combater estes ataques?
  9. De que forma o sofrimento nos leva a Deus e nos aperfeiçoa na santidade?
  10. Pesquise a vida de algum santo ou personagem da bíblia que foi aperfeiçoado pelo sofrimento.
  11. Procure no dicionário o significado das palavras: sofrimento, paciência e perseverança.
  12. Dividam-se em grupo, durante as reuniões do crescimento, e testemunhem sobre os sofrimentos que passaram e o que isso mudou em suas vidas.
  13. Em sua opinião, qual o porquê do sofrimento?
  14. O que você entende da frase: as promessas são iguais para todos, mas o plano de Deus é individual para cada um. Você sabe qual o plano de Deus para sua vida?
  15. Quais as condições que nos levam a “amaldiçoar” a Deus durante as provações? Você já passou por algumas destas condições?
  16. Relacione as conseqüências das tentações nas provações. Se você está vivendo algumas destas situações, em qual tentação você está caindo?
  17. Você acha que é possível ser fiel a Deus no sofrimento? Por quê?
  18. De que forma a vitória e a benção vem depois do sofrimento?
  19. Qual a importância da intercessão pelos outros na restauração de nossas vidas?
  20. Retire do livro algumas bênçãos e promessas.      
  21. O que mais marcou você neste livro?