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Novo Testamento / Mateus
ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA
“JESUS É O SENHOR”
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NOVO TESTAMENTO
 
ESTUDO TRÊS
 
Evangelho de S. Mateus
 
Palavra chave: Reino
 
       Na multiforme sabedoria de Deus (Ef 3,10), ou seja, na sua diversidade ou diferentes formas de se manifestar, estão os evangelhos. Contam a vida de Jesus, sua morte e Ressurreição. Cada autor abordando de uma forma, de modos que, seja qual for a formação, temperamento, característica de um indivíduo, tem como compreender a mensagem de salvação trazida por Jesus.
       O evangelho de Mateus também tem suas características. Já no capítulo 1 e 2, onde aborda a vida pública de Jesus e no final, encerrando o evangelho (28, 16-20), destaca o sentido de sua mensagem: a autoridade de Cristo e a função de seus discípulos. O “Emanuel”, Deus Conosco, anunciado a José (1,23) ficará presente até o fim dos tempos (28,20).
       Não se pode afirmar que o autor seja realmente o apóstolo Mateus. No tempo em que foi escrito, não se dava importância para a autoria. Pode-se afirmar apenas que era um cristão que conhecia muito bem as escrituras e as tradições judaicas, morava na Síria ou em alguma outra área onde a influência judaica era forte e, provavelmente, foi escrito por volta de 85 d.C, em Antioquia. A comunidade para quem o livro foi escrito era um grupo misturado, mas a maioria era de cristãos judeus.  Mateus procura encorajar a comunidade a reconhecer-se como herdeira legítima das promessas divinas a Israel e que esta comunidade se abrisse para incluir os pagãos.
       Este livro tem componentes fortemente judaicos. Os pais da igreja, como Orígenes, afirmavam que foi escrito para os Judeus, a fim de identificar Jesus com as tradições do povo e mostrar como, ao mesmo tempo, quebrou os laços desta tradição e deu cumprimento a elas. Ele é verdadeiramente o Messias esperado pelo povo eleito. Sua preocupação é mostrar como cada evento da vida de Jesus, inclusive os momentos mais difíceis, como sua rejeição, sofrimento e morte, realizam as profecias do Antigo Testamento, por isso sempre traz citações das escrituras provando isso. Mateus revela Jesus como o “Filho de Deus” em três momentos: no início-batismo- (3,17), no meio-transfiguração- (17,5) e no fim-morte- (27,54).
       Escreveu o livro no formato de uma biografia, contando desde o nascimento, vida pública, morte e ressurreição. Faz uma narrativa com várias histórias que descrevem  Jesus como pessoa enérgica e ativa. Através destes relatos todos nós somos convidados a fazer parte da vida do Filho do Homem e Filho  de Deus.
       Mateus preocupou-se muito em transmitir os ensinamentos de Jesus, o que fez principalmente através do que ficou conhecido como: “discursos” de Jesus, que apresentam a justiça do Reino (5-7), os arautos do Reino (10), os filhos do Reino (18), a vigilância da espera pela manifestação final do Reino (24-25). Apresenta Jesus como o Mestre, o professor por excelência. Enquanto em Marcos, Jesus é o Mestre com sentido comum para aquela época, em Lucas Jesus ensina a rezar, João mostra os ensinamentos de Jesus sobre Ele mesmo, em Mateus, o Mestre ensina uma nova justiça, uma fidelidade nova à lei de Deus (5,19-20; 7,29; 15,9; 28,20). Como Filho de Deus e Messias, é o intérprete perfeito da vontade de Deus.
       Jesus recebeu autoridade diretamente do Pai, que tudo Lhe entregou (11,27). Com esta autoridade deu aos onze o encargo de anunciar a Boa Nova e de fazer discípulos em todas as nações. O anúncio é do Reino dos Céus, dentro da tradição judaica do Reino de Deus, onde Deus é o soberano que permanece com seu povo e intervêm no decurso da história. Só o Senhor é Rei! Em Mateus esta expressão designa a soberania de Deus sobre seu povo. Nada acontece sem que Ele esteja no controle. Ele reina soberano sobre cada acontecimento, bom ou ruim a nossos olhos. Para os apóstolos, a morte e o sofrimento de Jesus eram ruins, negativos, uma derrota. Para Deus, o Soberano, era a libertação total, o triunfo sobre as forças do mal. É nesta perspectiva, de soberania total que apresenta as parábolas do Reino.
        Dentro de uma visão escatológica do Reino de Deus, com cumprimentos para o futuro, Mateus apresenta a Igreja não como o Reino, mas como a comunidade de discípulos que anuncia o Reino e produzem seus sinais. Esta comunidade tem por regra o serviço mútuo (18, 12-14) e detêm com Pedro as chaves do Reino (16,16; 18,19). É uma comunidade que, mesmo já tendo sido inaugurado este Reino, clama: “Venha o Teu Reino” (6,10).
        Por fim, Mateus apresenta Jesus exigindo do povo judeu e, portanto de cada um de nós, uma adesão incondicional à Sua Pessoa. Não dá para ficar com o pé em duas canoas.
       DIVISÕES:
1)       Mt 1,1 a 4,16 – do nascimento de Jesus ao seu ministério público.
2)       Mt 4,17 a 16,28 – do seu ministério público até a transfiguração.
3)       Mt 17,1 a 28,20 – da transfiguração até a última ordenança.
 
      Podemos também dividir pelo plano geográfico, que é bastante interessante.
1)       Ministério de Jesus na Galileia (4,12  a 13,58).
2)       Atividades de Jesus nas regiões limítrofes da Galileia e viagem a Jerusalém (14 a 20).
3)       Ensino, sofrimentos, morte e ressurreição em Jerusalém (21 a 28).
        Vejamos um pouquinho da realidade de Jesus na Galileia e a diferença com a Judeia:
a) A Galiléia ficava ao norte, era tida como terra de pagãos. Daí a expressão: “Galiléia dos pagãos”(Mt 4,14-16) como era conhecida, em função de um fato histórico: Quando os assírios conquistaram o Reino de Israel, deportaram a população, substituindo-a com povos estrangeiros, de cinco diversas procedências, todos gentios, sem nenhuma vinculação com a fé que receberam de Moisés. Os judeus passaram a olhar com muito desprezo para os habitantes desta região, mesmo quando, posteriormente, só havia aí população judaica.
      Era uma região dos pobres, iletrados, menos privilegiados, simples pescadores, trabalhadores braçais, gente desprezada e menosprezada, marginalizada e motivo de chacota para os importantes habitantes do sul. Vejam a colocação de Natanael em Jo1,46 e a reação dos chefes à Nicodemos em J0 7,52.
        Segundo o testemunho de rabinos dos tempos antigos, os galileus davam valor à reputação, ao passo que os da Judeia davam mais ênfase ao dinheiro do que a um bom nome. Os galileus, em geral, não eram tão insistentes nas tradições como os da Judéia. No Talmude (Megillah 75a), os primeiros, de fato, são acusados de negligenciar a tradição. Provavelmente os da Judeia, que ficava ao sul de Israel,  eram mais exigentes no cumprimento da lei e julgavam-se mais conhecedores, mais cultos e, portanto, superiores aos da galileia (Jo 7,45-52). O grande sinédrio e o templo ficavam em Jerusalém, o que resulta em mais escribas e mestres da lei, bem como sacerdotes. Havia até um  provérbio judaico: “Se quiser riquezas, vá para o norte [para a Galiléia], se quiser sabedoria, vá para o sul [para a Judeia].”
       Podemos, pois, inferir que havia mais abertura, mais humildade para aprender, por parte dos galileus. Não admira que Jesus iniciasse aí seu ministério. Certamente Jesus ensinava com amor e não com a arrogância dos escribas (Mt 7,29).
      Os Galileus tinham um sotaque característico (Jz 12, 5-6) e Pedro foi reconhecido pelo seu jeito de falar quando estava no pátio esperando o julgamento de Jesus (Mt 26,73).
 b) Ao centro ficava a Samaria, habitada por um povo miscigenado (de raça mista) e sincretista (de religião misturada), odiado pelos judeus. Os samaritanos eram discriminados no tempo de Jesus, e odiados pelos judeus da Judeia, em função de um fato histórico. Após a morte do rei Salomão, cerca de 900 anos antes de Cristo, o seu filho Roboão e Jeroboão se desentenderam e dividiram o povo judeu em dois reinos: 10 tribos ficaram no norte do país sob o reinado de Jeroboão, com a capital em Samaria, e duas tribos (Judá e Benjamin) ficaram no sul, sob o reinado de Roboão, filho de Salomão, com capital em Jerusalém.
      No ano de 722 antes de Cristo, o reino da Samaria foi vencido pelo rei da Assíria, Assurbanipal, e o povo foi levado para a Assíria em cativeiro. O termo samaritano esra usado para designar os israelitas que ficaram ou foram trazidos da Assíria e diferenciá-los dos pagãos que vieram morar ali e houve muitos casamentos mistos de judeus  que permaneceram em Samaria (nem todos foram para o exílio) com pessoas pagãs. Isto era proibido pela lei de Moisés; por isso o povo de Jerusalém, chamados de judeus, odiavam os samaritanos. Não os consideravam mais judeus por terem se misturado com povos não judeus.
      Com o tempo o termo “samaritano” passou a designar uma forma de religiosidade que se diferenciava dos costumes dos judeus, pois desde a época de Jeroboão, iniciou-se uma idolatria que ficou ainda mais forte na época em que vieram os pagãos. Eles adoravam no monte Gerizim (Jo 4, 20-24), diferentemente dos judeus que adoravam no templo em Jerusalém, também aceitavam somente o Pentateuco com algumas mudanças, rejeitando os demais livros dos judeus. Estas diferenças foram separando-os de tal forma que no tempo de Jesus não podiam se relacionar.
 
LIÇÕES DESTE LIVRO:
1.       Jesus é o Filho de Deus, o Messias esperado, aquele que verdadeiramente nos revela o Pai, tem o poder de transformar nossas vidas e nos conduzir ao céu.
2.       Como resposta, precisamos no tornar cidadãos do Reino, vivendo dentro de uma nova justiça, segundo as leis deste Reino. É um novo padrão de vida, no qual se ama o inimigo, se oferece a outra face, se perdoa sem limites, se tem misericórdia do outro, o amor supera a lei.
3.       O Senhor conta com nossa adesão total a Ele para implantar este Reino na Terra. São os batizados, com sua nova forma de viver que devem espalhar esta boa notícia a todos os povos e fazer discípulos.
4.       O Senhor é soberano, está no controle de tudo, inclusive do que não entendemos. Nada escapa ao seu domínio e permissão, nem mesmo um fio de nosso cabelo que cai.
5.       A sua morte e ressurreição servem de modelo para nós. É preciso viver o evangelho e pagar o preço, até mesmo com a vida, se preciso for. Por outro lado, Sua morte, Seu sofrimento e a glória da ressurreição, são a garantia da nossa vitória, da nossa cura e libertação total. Somos livres! Aleluia!
 
QUESTÕES
 
1)       Quais as características do evangelho de Mateus?
2)       Quem é o autor do livro?
3)       Explique a frase: “Este livro tem componentes fortemente judaicos”.
4)       Quais foram os discursos de Jesus?
5)       Dividam-se em 4 grupos de forma que cada um estude um discurso e apresente aos demais.
6)       Qual destes discursos mais marcou a sua vida?
7)       O que os discípulos deveriam anunciar quando receberam autoridade e a missão de fazer discípulos?
8)       Quais as divisões do Livro de Mateus?
9)       Quais as divisões Geográficas?
10)   Fale um pouco do que entendeu sobre as diferenças entre a Galileia e a Judeia.
11)   Fale sobre a Samaria e a razão do ódio dos judeus pelos samaritanos.
12)   Quais as lições deste livro?
13)    Como está a sua vida em relação à proposta do livro?
14)   O que você tem conseguido viver do evangelho?
15)   Você tem vivido como um cidadão do Reino dos Céus?
16)   Quais as principais mudanças que, a partir da leitura deste livro, você percebe que precisa fazer em sua vida?
 
 
 
                                                                                                                                                             24/03/14