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Carne b
    ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA
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TRÊS FRENTES DE OPOSIÇÃO AO PLANO DE DEUS
2º) Carne (b)
 
O coração é a sede da personalidade moral:’É do coração que procedem más intenções, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações’ (Mt 15,19). A luta contra a concupiscência da carne passa pela purificação do coração e a prática da temperança”.
                                                                                                       Novo  Catecismo  it. 2517
 
       Vamos estudar agora a segunda dimensão do homem: a alma. Como já vimos antes, a alma é o intelecto do homem, isto é, a sensibilidade, a vontade, o raciocínio, as emoções.
       No hebraico o temo mais usado para alma é nephesh,  e seu correspondente no grego é psyche, referindo-se a personalidade inteira do homem.
       Estudamos que quando o homem nasce de novo no espírito, é algo instantâneo: ele deixa a ‘genética’ de Adão, e passa ter a ‘genética’ de Deus, isto é, passa a ser filho de Deus, co-herdeiro com Cristo e o Espírito Santo já pode habitar em seu espírito.
       Já no âmbito da alma, isto não ocorre assim. O intelecto do homem, incluindo suas funções cognitivas, como memória, atenção, motivação, raciocínio e todas as suas emoções, continuam lá. Toda a educação e informações recebidas ao longo da vida, continuam lá. Toda a influência que o mundo e seu sistema tiveram sobre sua alma continuam lá. Não há mágica. Após o novo nascimento começa o árduo processo de renovação da mente, que inclui a transformação da forma de pensar e ver o mundo de acordo com a Palavra de Deus (raciocínio), a cura das emoções, a submissão da vontade  e desejos humanos  à vontade de Deus, que produzem modificação do nosso caráter, de forma que este se torne cada dia mais semelhante ao caráter de Cristo, até que todos possam olhar para nós e enxergar a Ele. Ser cristão é ser a reprodução de Cristo em seu caráter e em sua missão (Mt 10,24-25a).
       Precisamos ter consciência de que a restauração da alma é um processo que dura nossa vida inteira. Podemos viver 100 anos, que até no último minuto teremos coisas a serem transformadas. Moisés já estava bem avançado em anos quando teve a experiência  em Meriba (Nm 20 ,7-12), onde teve que ser tratado por Deus por ter sido rebelde, e olhe que um pouco antes, Moisés foi chamado por Deus de ’o homem mais manso da face da terra’ (Nm 12,3)! Isto serve de lição para nós, mostrando que até o último dia de nossas vidas temos que estar em constante processo de mudança e renovação. Ninguém alcança em vida a perfeição, ou pode dizer que já sabe muito, ou que está num nível muito alto. O próprio Paulo afirma isso sobre si mesmo (Fp 3,12) e a Palavra nos adverte que o orgulho (achar que é alguma coisa), é o que antecede a queda (Pv 16,18).
       Ter consciência desta verdade nos liberta (Jo 8,32) tanto do orgulho de acharmos que somos o que não somos, como também da opressão de acharmos que não temos jeito porque caímos. Na verdade, as quedas são permitidas por Deus para nos mostrar o quanto somos frágeis e onde precisamos ser transformados. Davi já era rei poderoso e chamado de ‘coração, segundo o  coração de Deus’, quando caiu no pecado do adultério com Bet-Seba (2 Sm 11). É por isso que somos exortados em 1 Co 10,12: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia”.
       Muitos são os que caem por causa do orgulho, porque acham que sabem muito da bíblia, ou porque são muito usados por Deus, ou porque são usados nos dons do Espírito e se julgam ‘intocáveis’. Começam a deixar de ser submissos, não aceitam exortação ou uma autoridade maior que eles. Descuidam-se, deixam de vigiar e orar e são pegos pelo inimigo, ocasionando escândalos e até heresias. Por outro lado, temos a situação oposta. Pessoas que ao se darem conta de seus pecados e dificuldades em seguir o padrão de Deus, acham que não são dignos, que nunca serão transformados e se deixam enganar pelo inimigo, com espírito de acusação e até de auto-piedade e acabam deixando o caminho de Deus.
       Um exemplo típico de cristão ‘carnal’, ou seja, que é controlado pela alma e não pelo espírito, é Sansão (Jz 13-16). Ao nascer, foi consagrado a Deus, por ordem do próprio Deus (nazireu, Nm 6, – aquele que se separava dos outros se consagrando a Deus mediante um voto especial, e que durante o período de nazireado não podia beber vinho ou bebida intoxicante, não podia cortar os cabelos e não podia tocar em nenhum cadáver, nem mesmo de sua família -). A consagração de Sansão deveria ser maior do que de todos os filhos de Israel, pois Deus tinha uma missão para ele: livrar Israel da mão dos filisteus. Ele foi separado dentre os filhos de Israel.
        Sansão era um homem temperamental (governo da alma), que se deixava guiar por seus impulsos naturais (carne). Desobedeceu a ordem de Deus de não tomar mulheres que não fossem israelitas (14, 1-3);  era muito suscetível aos apelos da sexualidade (14, 15; 15,1; 16, 1.4); não tinha domínio próprio e nem temperança (14, 19b); vingativo (15, 7); andava sempre em companhias de ímpios (16); abriu seu coração  a uma mulher ímpia  (16, 16-18).
       Os cristãos do tipo de Sansão são aqueles que recebem um chamado especial de Deus, que são chamados a ter uma consagração especial, mas que por serem carnais e dominados por sua alma, trocam o amor e a santidade devida ao Senhor pelos prazeres da carne e até usam os dons e poder de Deus em proveito próprio; acabando por  perder o poder de Deus em suas vidas e deixando de cumprir sua missão.
       Em função destes problemas que atingem tantos cristãos, muitas vezes trazendo desânimo e fracasso, vamos estudar mais profundamente o funcionamento da mente e sua ação em nosso crescimento espiritual. Sabemos que somos um espírito e possuímos uma alma. Esta alma é que traduz para nosso entendimento aquilo que o Espírito de Deus comunica ao nosso espírito. Uma alma doente ou contaminada, ou não renovada, se tornará uma barreira para que as revelações do Espírito possam ser entendidas e até mesmo como um muro que impede o fluir do Espírito de Deus em nós. É aí que o Senhor tem que tratar conosco ‘quebrando’ este muro (ver estudo do quebrantamento). Muitas vezes é preciso também usar as armas espirituais para destruir as ‘fortalezas’  e ‘sofismas’ (argumentos falsos) que se instalam em nossas mentes e que impedem o conhecimento de Deus (2 Co 10,4). Que possamos aprender com santo Agostinho: “Evitai a selvagem malícia do orgulho, o ócio voluptuoso da luxúria, as contradições de uma falsa ciência (1 Tm 6,20), a fim de que as feras se tornem mansas, os animais sejam domados e as serpentes sejam inofensivas: estas são de fato as expressões alegóricas dos sentimentos  da alma”.                                                                                                                                          22/03/2004