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Carne d
ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA
“JESUS É O SENHOR”
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TRÊS FRENTES DE OPOSIÇÃO AO PLANO DE DEUS
2º) Carne (d)
 
Ou nos afastamos do mal por medo do castigo, estando assim na posição do escravo; ou buscamos o atrativo da recompensa, assemelhando-nos aos mercenários; ou é pelo bem em si mesmo e por amor de quem manda que nós obedecemos... e estaremos então na posição de filhos”.                                                                                                                                                    São Basílio.
 
       A 3ª dimensão do homem é o corpo, que como vimos, é o homem exterior, a parte física, a casa onde habitamos (2 Co 4,16). O nosso corpo continua o mesmo depois da nossa conversão e novo nascimento, o homem interior é quem muda, quem se torna um ‘novo homem’. O corpo não é novo, mas temos a promessa de que na vinda de Cristo, receberemos um novo corpo (1 Co 15,35-58).
      Como toda nossa vida na terra é um treino para aprendermos a reinar com Cristo e também a governar com Ele, em relação ao nosso corpo também há um aprendizado: Deus deseja que nosso corpo seja oferecido a Ele (Rm 12,1) como sacrifício vivo, como nossa forma de culto espiritual. É interessante notar, que Deus deseja que nós apresentemos o nosso corpo, porque nós somos os ‘mordomos’, os ‘zeladores’ desta casa. Isto significa que nós precisamos fazer algo à respeito de nossos corpos carnais. O homem interior já é nova criatura (2 Co 5,17) e, portanto, pertence a Deus, mas e o homem exterior? Continua do mesmo jeito, com os mesmos desejos carnais e precisa ser ‘domado’. O homem interior, precisa ser renovado e transformado, mas o exterior, deve ser ‘enjaulado’, e a qualquer descuido, pode escapar da jaula! É por isso que Paulo ensina em 1 Co 9, 27: Porém castigo meu corpo e o domino, para que não suceda que, tendo sido arauto para os outros, venha eu a ser reprovado”. Paulo sabia que o corpo, se tiver oportunidade, tentará dominar e manifestar seus desejos, que são sempre contrários aos desejos do Espírito (Rm 8,5-8).
       E quem é que deve ‘castigar’ o corpo e dominá-lo? É o “eu” interior. O homem interior, nascido de novo, com sua mente renovada pelo Espírito e pela Palavra de Deus é quem deve dominar o corpo. Muitos cristãos vivem sempre como criancinhas na fé, porque se deixam dominar pelo corpo: são seus desejos carnais que os governa. Quando Paulo diz aos Coríntios que eles ‘ainda são carnais’ (1 Co 3,2), na tradução literal seria ‘ainda são governados pelo corpo’.
       A escolha é nossa: se quisermos e deixarmos nosso corpo à vontade, ele nos dominará e continuará fazendo tudo o que sempre fez. Por exemplo: uma pessoa que sempre bebeu,  sua carne continuará desejando a bebida, embora seu  eu interior não deseje mais; se ela vacilar e ceder, o corpo dominará e ela voltará a beber.
       Por isso muitos cristãos sentem-se derrotados: são governados pela carne. Mas também podemos optar por disciplinar o nosso corpo e mantê-lo em sujeição.
            No trecho anterior ao que Paulo diz que castiga seu corpo, ele compara os cristãos à atletas, que se abstém de tudo e se sacrificam para alcançar a vitória. Estamos em tempos de olimpíadas e podemos perceber o sacrifício e a disciplina dos atletas, chegando a competir machucados (um judoca competiu com o braço fraturado!). Eles se submetem a regimes alimentares severos, a treinamentos longos que acabam por prejudicar suas articulações (literalmente ‘gastam o corpo’), privam-se de suas famílias e tudo por uma medalha!
       Que vergonha para nós que lutamos, não por uma medalha ou recorde que amanhã poderá ser vencido, mas por uma coroa incorruptível: a vida eterna com Deus! Como não deveríamos nos portar? Deus nos deu a unção de governo (Gn 1,28), que inclui a nós mesmos. Nosso homem interior, restaurado e renovado, pode e deve dominar o corpo e apresentá-lo como sacrifício vivo a Deus.
       É importante salientar que não devemos confundir o que Paulo diz sobre ‘castigar’ o corpo, com doutrinas que dizem que devemos acabar ou destruir o nosso corpo, como no islamismo, em que os adeptos literalmente, batem em si mesmos, flagelando-se muitas vezes até quase à morte, ou com o budismo, onde o corpo deve ser ignorado ou suprimido. O cristianismo diz que o corpo deve estar a serviço do espírito e deve ser governado por um espírito redimido e renovado, isto é, o corpo deve ser um instrumento para se realizar a obra de Deus em santidade, como está em Rm 6,12-13.19:
O pecado já não reine em vosso corpo mortal, por vossa obediência às concupiscências.  Nem ofereçais os membros ao pecado como instrumento do mal. Oferecei-vos a Deus como mortos que voltam para a vida e dai vossos membros a Deus como instrumento de justiça. Assim como pusestes os membros a serviço da iniqüidade e impureza para fazer o mal, assim também entregai-os agora ao serviço da justiça para a santidade”.
       Agora estamos numa situação onde devemos trabalhar com disciplina, como os atletas ou os soldados, que são submetidos a um duro treinamento para que no momento da competição ou da guerra, possam usar o seu corpo de forma a vencer. Por exemplo: Meu corpo tem sono e quer continuar dormindo, mas eu o disciplino par levantar e orar. Dizem que são Francisco de Sales, não ousava dormir com cobertor, receando não querer acordar por estar aquecido e assim deixar de orar. A leitura da Palavra também é uma questão de disciplina. O corpo não quer parar, tem dificuldade para concentrar, quer coisas leves, mas devemos discipliná-lo e formar um horário no qual todos os dias nos dediquemos à leitura e meditação. E assim também os outros exercícios espirituais, como o jejum, o louvor, a adoração, a intercessão.
       É muito fácil dizer que “não é nosso chamado” e assim usar isto como desculpa para não interceder, ou adorar, ou estudar. Todos somos chamados a nos exercitar espiritualmente e a usarmos nossos membros para a justiça!
       São João Maria Vianney, o cura D’Ars, passava 18 horas por dia atendendo as pessoas em confissão e aconselhamento. Mal tinha tempo para comer (comia só o necessário para não morrer) e dormia muito pouco, pois depois de atender todo o povo, ainda se dedicava à oração por todos eles. Ars era conhecida por ser uma cidade do pecado, cheia de bebidas e orgias; quando ele chegou à cidade como pároco, dedicou-se tanto à oração por esta cidade, que os bares se fecharam, as orgias se acabaram e o povo da cidade se tornou conhecido por sua piedade e devoção. Eis o resultado de pagar o preço e usar seus membros para a justiça e santidade.
       Lembrando os dizeres de S. Basílio (vide início do estudo), busquemos a posição de filhos, que obedecem por amor de quem nos manda obedecer. Deixemos que o Espírito Santo nos inunde de tal forma, que nosso homem interior governe. Estar no domínio do corpo não é lutar contra ele pela força humana (isto só traz fracasso e frustração), mas é se deixar encher de tal forma pelo Espírito, que simplesmente a carne não ache espaço para governar.
       Que Deus nos abençoe e nos faça transbordar do Espírito. Amém!