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Restauração dos relacionamentos com os outros - parte 3
  ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA
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RESTAURAÇÃO  DOS  RELACIONAMENTOS 
 
 
RESTAURANDO O RELACIONAMENTO COM OS OUTROS- (parte 3)- Abril / 99-
 
 
“ Como se pudesse existir inimigo pior que o próprio ódio, com o qual uma pessoa se irrita contra si mesma; ou como se alguém com perseguições prejudicasse mais gravemente a outrem do que ao seu próprio coração, cultivando tal inimizade! “    
                                                        Santo Agostinho – conf., lv.1
 
                       Já  estudamos que a reconciliação é um ministério, um serviço especial que a igreja deve prestar ao mundo. Somos chamados através da experiência da cruz, do sangue e da paz, a levar esta reconciliação. Sendo um povo reconciliado, podemos levar esta nova posição a todos, e assim cumprir a vontade do Senhor. Vamos ver agora as bases deste ministério, isto é, como funciona na prática ser um ministro da reconciliação.
                             Ministério fala de serviço; serviço fala de autoridade e submissão. Vamos estudar o trecho em que Jesus deixa claro a relação de autoridade e serviço: Jo 13,4-17. Jesus mostra que Ele que é Senhor e Mestre estava lavando os pés dos discípulos, para que tomassem este exemplo e fizessem o mesmo. Lavar os pés de alguém era considerado uma ação humilhante, que não se podia impor nem mesmo a um escravo judeu, mas era uma profunda demonstração de amor quando se tratava de um pai, ou um senhor a tomar esta atitude. Quanto maior a autoridade, maior deve ser a disposição para servir e demonstrar amor até mesmo através de humilhar-se se for necessário. Jesus fez exatamente isto em toda sua vida, como é relatado em Fp 2,5-11. Ele sendo Deus, não usou deste fato para humilhar ou demonstrar Seu poder e autoridade, ao contrário, humilhou-se despojando-se de toda Sua glória e tomando a condição de servo, foi obediente até o fim. Ele viveu o ministério da reconciliação na sua plenitude; foi o autor e consumador deste ministério, realizando toda obra necessária a este  serviço, deixando-nos apenas a incumbência de seguir o Seu exemplo. E não adianta dizer que isto é exigir demais, pois Ele nos dá uma ordem muito clara: “ Sereis perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste” (Mt 5,48). É interessante notar , que Jesus diz isso, depois de ensinar em todo o capítulo cinco, como deve ser o relacionamento com as pessoas e  as atitudes de um filho de Deus. Portanto, Ele não nos dá a alternativa de sermos “mais ou menos” (mornos), mas ordena que sigamos Seu exemplo: basta que sejamos como Ele (Mt 10,24-25).
                             Em Mc 10,42-45, Jesus estabelece o princípio da verdadeira autoridade: quanto maior a disposição em servir, maior a autoridade, e quanto maior a autoridade, maior é a exigência em servir. Em função deste princípio, pode-se estabelecer a responsabilidade da iniciativa de reconciliação. Deus, a maior autoridade, tomou a iniciativa de reconciliar consigo o mundo e enviou Jesus com este fim, e deixou claro este princípio: a responsabilidade de reconciliação está sobre aquele que tem  a maior autoridade.
·         Na Família -  A responsabilidade deste ministério está sobre o pai e marido. Isto não exclui os demais membros desta missão, mas pela unção de autoridade dada por Deus, o  homem é o portador da reconciliação para sua família ( 1 Co 11,3 ). Ele deve ser o ministro da reconciliação em seu lar, não deve permitir brigas, desacatos, mas trazer harmonia, convivência e levar os membros da sua casa a viverem reconciliados. Na ausência do pai, a mãe deve assumir este papel e ensinar os seus filhos a vivenciarem o perdão e a reconciliação e serem também eles ministros da reconciliação ( Ef 6,4 ).
·         Na Igreja -  Entre irmãos, todos são chamados a serem ministros da reconciliação. A responsabilidade maior está sobre aqueles que tem mais autoridade, que inclusive devem zelar para que o rebanho seja de ovelhas reconciliadas. Aquele que lidera não deve permitir divisões, contendas e rivalidades, mas deve ser um agente de reconciliação no meio do seu povo ( Fp 4,2 ). Devemos tomar seriamente a responsabilidade de sermos um povo reconciliado, para podermos ser usados pelo senhor  neste ministério para o mundo. O Senhor Jesus dá o exemplo e a receita: abster-se de seus direitos e aceitar ser humilhado por amor do Senhor ( Fp 2,1-5 ). Isto vai frontalmente contra o que aprendemos e vivenciamos no mundo. É nadar contra a corrente, mas só assim poderemos ser luz e sal; Deus tem nos chamado para sermos diferentes e com esta diferença conquistarmos o mundo. Se a igreja for um lugar de disputas, contendas, partidos, onde cada um luta por si, qual a vantagem de pertencer a ela? Jesus é claro ao ensinar que se alguém tentar nos tirar uma túnica, devemos dar a capa também, se alguém quiser nos fazer andar uma milha, devemos andar duas ( Mt 5, 38-42 ), este princípio é o de não lutar com o mal com as armas que o mal usa, mas vencer o mal com o bem ( Rm 12, 17.21 ). O inimigo tenta nos fazer agir no seu terreno, pois aí ele pode nos vencer,  tenta sempre atingir a nossa carne, para que lutemos contra ele neste terreno, pois aí a vitória é dele. Numa disputa, ou contenda, ou mágoa, o que se percebe sempre é que elas acontecem entre pessoas que estão tentando fazer valer  “os seus direitos”. Se Jesus tivesse feito valer os seus direitos de Filho de Deus, não teria morrido na cruz. Ele nos exorta a sermos como o mestre e nos esvaziarmos de nossos direitos e razões; só assim poderemos agir como ministros da reconciliação. Paulo nos ensina que para evitar contendas é preferível que nos deixemos despojar ( 1 Co 6,7 ). A grande questão aqui é aceitar a morte do nosso eu, dos nossos direitos, em favor do crescimento da obra do Senhor. Gandhi foi um grande líder, e dizia que jamais se tornaria cristão, porque os cristãos não viviam os ensinamentos de Jesus, no entanto, ele seguiu os princípio ensinados por Jesus e conseguiu que a índia se tornasse independente, provando que a força do amor é muito maior que a do ódio.  Somos exortados continuamente pela Palavra de Deus a sermos humildes, para sermos uma benção (1 Pe 3,8-14 ).
·         No mundo -  A responsabilidade diante de Deus de reconciliar-se está com aquele que é cristão. Se estamos numa família onde os demais não são cristãos, a responsabilidade da reconciliação está sobre aquele que é cristão. Se estamos num local de trabalho onde os demais não são cristãos, a responsabilidade é nossa e assim por diante. Temos que ser os primeiros a buscar a reconciliação, e temos que promover a reconciliação nos lugares em que vivemos ( Rm. 12,18-20 ). Conta-se um testemunho, de que no interior da china, num local rural, havia vários pequenos sítios vizinhos, que não tinham água. Os sitiantes eram obrigados a buscar água longe e encher várias tinas para poderem usar. Um destes sitiantes era cristão ( num país onde a maioria esmagadora cultua ídolos ), e enchia suas tinas à tardinha. No dia seguinte, suas tinas estavam vazias porque o vizinho durante a noite as esvaziava e enchia as suas. Isto aconteceu várias vezes, até que o cristão passou a encher as suas tinas e as do vizinho. O resultado foi a conversão de toda a vizinhança. Não há como não ser impactado pela força do amor, da renúncia e pela aplicação dos ensinamentos bíblicos. Num tempo em que a igreja quase não se diferencia do mundo, e em que Deus tem nos exortado no sentido de que não consegue perceber a diferença entre seus filhos e os do mundo, está faltando testemunho, vivência dos princípios bíblicos, uma vida conforme o padrão do Senhor, isto é, uma vida digna da vocação a que fomos chamados ( II Tes 1,11 ).
                             Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos capacite a deixarmos nosso eu, nossos direitos e razões, para vivermos a força do evangelho e sermos luzes entre os povos. Que nós possamos ter a coragem de seguir os ensinamentos do Senhor, ainda que nos custe a vida. Que a partir desta experiência de reconciliação nos vários níveis,  possamos crescer como igreja e cumprirmos a vontade do Senhor para nossas vidas, nossa nação, de maneira que os propósitos de Deus para este tempo se cumpram. Deus os abençoe!