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Novo Testamento / Gálatas

 

 ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA

“JESUS É O SENHOR”

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NOVO TESTAMENTO

 

ESTUDO OITO

 

 

CARTA AOS GÁLATAS

 

Palavra chave: fé.

 

Versículo chave:2,16a: sabemos que o ninguém é justificado pela prática da lei, mas mediante a fé em Jesus Cristo”.

 

      A Galácia no tempo de Paulo era uma província romana (centro-sul da Ásia menor) que incluía as cidades de Antioquia, Icônia, Listra e Derbe. Era formada, na sua maioria, por gauleses que deixaram seu país (Gália, atual França) e conquistaram esses territórios dando o nome de sua terra natal.

      O autor da carta foi Paulo (1,1).  Não é possível precisar a data, mas provavelmente foi escrita entre o ano de 49 a 55 D.C.. Também não sabemos de onde ele escreveu a carta, mas pode ter sido numa das cidades de sua primeira viagem missionária.

      Paulo escreveu a pagãos convertidos ao cristianismo, muito provavelmente através dele.

      O motivo da carta foi o “transtorno” causado ali por cristãos judaizantes (praticantes do judaísmo) que começaram a dizer a eles que para ser um bom cristão era necessário seguir os preceitos da Torá deixados por Moisés. Diziam que deviam circuncidar-se e observar a lei,com suas restrições dietéticas, como todo bom judeu. É claro que Paulo não poderia deixar isso acontecer porque ia frontalmente contra sua convicção de que, embora a Torá continuasse como escritura inspirada, não estava mais em vigor como lei. Quem anda pela lei, perde a liberdade que vem pela fé (3,21-25).

      Há uma tendência no ser humano de preferir regras, leis, pois dão menos trabalho no sentido de busca. A lei já está pronta, basta segui-la. O indivíduo sente-se mais seguro, digamos que numa zona de conforto. Desde que siga a lei está tudo bem, o interior não conta muito. Era assim que agiam os fariseus, cujo fermento Jesus mandou evitar. A liberdade nos faz sair dessa zona de conforto porque nos traz questionamentos profundos, nos obriga a estar em comunhão com Deus para saber qual Sua vontade. Se tudo me é permitido (1 Cor 10,23), sou quem precisa analisar o que convém, o que edifica, o que realmente agrada a Deus. E isso demanda tempo, comunhão, arrependimento, humildade dependência.

      Este livro apresenta alguns contrastes interessantes:

a.       Graça e Lei (4,21-31)- A grande diferença da fé cristã de todas as outras é a Graça, este favor imerecido que recebemos de Deus. Ela não depende de nossas ações, não exige que façamos isso ou aquilo para recebermos algo  (Ef 2,8-9). O que Deus dá é gratuito, sem nenhum tipo de cobrança antes ou depois. Dá porque nos ama e nos ama sem que nada tenhamos feito para que esse amor surgisse (1 Jo4,19). Esse amor é eterno, ou seja, existe antes que a gente nascesse e existirá para todo o sempre (Jr 31,3).A Lei mostra a necessidade (faça). A Graça mostra a provisão para essa necessidade (já está feito!) 5,1.4-5.

b.      Fé e Obras (2,15-3,29) – As obras dependem de nossa luta pessoal e a busca do merecimento para salvação. Ainda hoje existem muitas religiões com esse ensino de merecimento. O indivíduo deve “evoluir” através de suas ações.  Não há uma salvação, há uma evolução. Muitas vezes ouço pessoas dizerem que pedem algo a Deus e que, se elas merecerem, Ele dará. Deus não dá nada porque merecemos. Dá porque é bom, porque nos ama e porque aquilo que pedimos nos fará bem. Não dá porque é bom, porque nos ama e porque aquilo que estamos pedindo nos fará mal (Rm 11,6). Simples assim. “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hb 11,1). É pela fé que as obras aparecem, como consequência, não como causa (Tg 2,22; Gl 5,6)! Aprofundaremos este tema na epístola aos romanos. 

c.       Fruto do Espírito e Fruto da Carne (5,17-26)- Uma árvore dá apenas um tipo de fruto. Laranjeira dá laranja; macieira, maçã. Quando se tem o Espírito Santo e é Ele quem está agindo, só pode haver a manifestação de um fruto cujo sabor é: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Tudo junto e misturado! Não podemos dizer, tenho essa ou aquela característica, pois quem tem é o Espírito Santo. Temos o Espirito Santo em nós e Ele manifesta estas características. Quanto mais cheios do Espirito, mais esse fruto será manifesto! A carne já é um campo com vários tipos de árvores venenosas que dão seus frutos também. Depende de qual está frutificando no momento, se manifesta, às vezes, a imoralidade sexual, a libertinagem, a impureza; outras é a idolatria, a feitiçaria e outras ainda, o ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões e facções. Um deseja o oposto da outra, não tem como entrarem em acordo. Ou a carne se manifesta, ou o Espírito. É uma luta constante (Gl 6,7-8). O Espírito nos dá vitória sobre o pecado. A carne nos leva para o pecado.

d.       Cruz e Mundo: “Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo”(6,14). A cruz nos fala de amor e sacrifício; o mundo de força própria e egoísmo. Paulo rejeita um estilo de vida baseado em aparências, onde o “orgulho” vem de obras próprias e do cumprimento de regras (lei). Para ele, o que importa é se somos novas criaturas (6,15) , crucificadas (mortas) para os valores que reinam nesse mundo, valores esses, que se norteiam pelo sucesso aparente, pela produção, status, poder. Jesus também tinha essa visão. João Batista era o menor neste mundo, mas Jesus disse que não havia ninguém maior que ele no reino dos céus (Mt 11,1).

 

O poder da cruz:

1.    Para livrar do pecado:1.4; 2,21; 3,22 –Ninguém por si só, ou por suas boas obras, pode se ver livre da força do pecado.  A cruz destrói, o sangue de Jesus como que “dissolve” essa herança com a qual todos nascemos e que nos impulsiona ao pecado. Porque a maioria das religiões não aceita que exista pecado? Porque nenhum tipo de “evolução espiritual” pode acabar com ele, portanto, não podem admiti-lo. Só Jesus, Deus feito homem (totalmente diferente de homem se fazer deus), pode efetivamente, com sua morte na cruz, arrancar a raiz do pecado. Santo Agostinho ensina: “É que o homem sem Deus nada pode, a não ser pecar, e o seu poder humano diminui quando triunfa a graça divina, destruidora do pecado”.

2.    Para livrar da maldição da lei: 3,13-14 – Somos livres! Todas as maldições da lei que poderiam sobrevir sobre nós por causa de nossa desobediência, foram anuladas na cruz. Bendita Cruz! “Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (Jo 8,36). Jesus deixa claro que quem liberta é o Filho. Se, e somente se Jesus nos libertar seremos verdadeiramente livres. Outra vez, santo Agostinho nos ajuda: “Um homem bom é livre, mesmo quando é escravo. Um homem mau é escravo, mesmo quando é rei. Não serve a outros homens mas a seus caprichos. Tem tantos senhores quantos vícios”.

3.       Para livrar do egoísmo (amor exagerado aos próprios interesses a despeito dos de outrem): “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (2,20). Esse poder contido na morte de Jesus na cruz permite que morramos com Ele e vivamos por Ele. É Cristo que, agora vivendo em nós, opera o fruto do Espírito (5,24-25). S. Tomás de Aquino afirma que a soberba é “mãe” de todos os vícios e é dela que procedem os sete pecados capitais: “A soberba geralmente é considerada como mãe de todos os vícios e, em dependência dela, se situam os sete vícios capitais, dentre os quais a vaidade (vangloria) é o que lhe é mais próximo: pois esta visa manifestar a excelência pretendida pela soberba e, portanto, todas as filhas da vaidade têm afinidade com a soberba" (De Malo 9, 3, ad 1). É a cruz que nos liberta desse amor por nós mesmos, ao ponto de ignorarmos, usurparmos , ferirmos o outro, desde que sejamos satisfeitos. Amar o próximo como a nós mesmos é o “antídoto” contra o egoísmo, pois nos leva a querer para o outro o que queremos para nós e não estar satisfeitos se o próximo não puder estar bem como nós estamos.

      O livro de Gálatas é um grande auxílio em nossas vidas, um tesouro mesmo, pois nos mostra o perigo de abandonarmos a liberdade em Cristo para seguir ritos, regras, fórmulas, que se tornam vazias se não estiverem a serviço do Reino de Deus. Como Paulo diz, a lei é boa para nos conduzir a Jesus, mas uma vez nEle, temos que nos pautar por esse amor tremendo, pelo mover do Espírito em nós, pela pura Graça de Deus.

PERGUNTAS

1.       Você concorda com a Palavra e versículo chave desse livro? Por quê?

2.       Escreva quem é o autor e a data em que foi escrito. Fale sobre a Galácia.

3.       Qual o motivo da carta ter sido escrita?

4.       Porque algumas pessoas preferem regras ao invés de liberdade?

5.       Quais são os contrastes do livro de Gálatas?  Qual deles mexeu mais com você? Por quê?

6.       Qual a diferença entre fé e obras na vida de um cristão?

7.       O que é Graça para você? O que a diferencia da Lei?

8.       Na sua vida, o que dá mais fruto: a carne ou o Espírito? Por quê?

9.       Explique o contraste entre cruz e mundo. O que você já experimentou sobre isso?

10.   O que faz em nós o poder da Cruz?

11.   Divida o grupo em três equipes. Cada uma comenta sobre um poder da cruz e depois os grupos trocam suas impressões.