ESTUDOS > Estudos Bíblicos
Antigo Testamento / 1 macabeus 19
    ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA
“JESUS É O SENHOR”
Rua Aquidaban, 731 – Vl. Mendonça-   CEP 16015-100 - Fone: (18)3624-2264 - Araçatuba-SP.
CONTRIBUIÇÕES:  Bco. Itaú - agência 7158 / conta corrente00021-1
 
ESTUDO DEZENOVE
 
 
1 MACABEUS
 
PALAVRA-CHAVE: Batalha
VERSÍCULO-CHAVE: 1 Mc 3,19
 
       Estes dois livros, não fazem parte do cânon dos hebreus e também não são aceitos como inspirados pelos protestantes, mas foram reconhecidos pela Igreja como sagrados (deuterocanônicos) desde o século IV. O próprio Lutero não gostava que fosse considerado apócrifo.
       São livros de profunda revelação e ensinamentos grandiosos. Tratam-se da história das lutas travadas contra os soberanos selêucidas (descendentes de Seleuco I Nicator que governou a Síria entre 312-280 a.C) para obter a liberdade política e religiosa dos judeus. Têm este título por conta do apelido de Macabeu dado ao principal herói desta história e depois estendido aos seus irmãos.
       Quando Alexandre, o grande, morre, o seu reino é dividido entre seus generais e é motivo de disputas, particularmente entre os Lágidas (Ptolomeus) no Egito, que dominaram a palestina até 198 A.C.; e os Selêucidas na Síria (reino macedônico). A palestina, como parte da Celessíria, volta a ser disputada pelos senhores da Síria e do Egito. Os dois livros nos dão informações históricas dos judeus no período helenístico, quando a judéia está sob o domínio dos reis selêucidas que governam de Antioquia. Neste período, é importante lembrar que havia cessado toda a palavra profética, pois o último profeta levantado em Israel foi Malaquias, logo após a reconstrução do templo, no período de Esdras e Neemias. Encontravam-se, portanto, numa época de silêncio da parte de Deus (4,46).
       I Mcb cobre o período de 40 anos, que vai do surgimento de Antíoco Epífanes (175 A.C.) até a morte de Simão e o início do governode João Hircano (134 A.C.). Foi escrito em hebraico, mas só chegou até nós numa tradução grega. Seu autor é um judeu palestino, que o escreveu após o ano de 134 A.C., provavelmente um pouco depois da morte de João Hircano, por volta de 100 A.C. Seu gênero literário imita as antigas crônicas de Israel.
       A principal mensagem deste livro diz respeito à aliança (2,50). O povo deve cumprir a Lei (Torá), quando deixa de fazê-lo, Deus o castiga. Os judeus (pró-helenistas) que não respeitam e nem seguem a Lei, são considerados responsáveis pelos desastres que o judaísmo sofre durante o período selêucida. Isto inclui os moradores de Jerusalém, a nobreza, os sacerdotes do templo, e até o sumo-sacerdote (4,23; 7,5.9). Deixa claro que todos os sucessos e vitórias devem-se à ajuda de Deus. Na história de Israel , principalmente entre os profetas, aparece o tema do ‘resto’ que permanece fiel a Deus e à Lei. Os Macabeus são apresentados como chefes deste “resto”, que permanece fiel, independente das ameaças, lutas e perseguições (2,27).
       O livro todo traz a disputa entre o partido dos pró-helenistas, da elite governante de Judá que buscava inserir-se no mercado dominado pelo império selêucida (a elite que então dominava, na tentativa de inserir-se no mercado mundial, cria e desenvolve políticas de alianças com os grupos internacionais hegemônicos, que também querem o controle do mercado mundial) e dos hasmoneus, como eram chamados os Macabeus, pois segundo o historiador Flávio Josefo, descendiam de um homem chamado Hasmoneu (que seria pai do sacerdote Joiarib), que queriam a preservação da lei e dos costumes judaicos. A eles juntaram-se os hassidim (em grego assideus), ou partido dos Leais (2,42).
       Os hasmoneus deram origem ao grupo dos saduceus e os Assideus, após uma divisão entre eles no período de Jônatas, deram origem aos essênios e aos fariseus.
 
Esquema de 1 Mcb:   
·         1,1 – 2, 69 – Introdução
·         3,1 – 9,22 – Judas Macabeu
·         9,23 – 12,53 – Jônatan Macabeu
·         13,1 – 16,24 – Simão Macabeu
 
       O tema dos dois livros é parecido: Por causa da intervenção e socorro de Deus, Judas Macabeu e seus irmãos reconquistam a autonomia nacional e a liberdade religiosa que Antíoco IV tentara destruir.
       O sistema cronológico adotado pelos livro, segue na maior parte das vezes o calendário selêucida ou macedônio, por isso as datas não coincidem com as datas da era cristã que data os acontecimentos em A.C e D.C.
Panorama Histórico: Em 198 a.C. o Selêucida Antíoco III, o Grande (223-187 a.C.), vence os egípcios em Panion (Baniyas), junto às nascentes do Jordão, e expulsa definitivamente os Ptolomeus da Ásia. A anexação da Celessíria se dá a seguir. Pressionados por Roma, com quem entram em conflito, os Selêucidas assistem aos progressivo declínio de seu Império. Para solidificar o fragmentado Império, os reis Selêucidas, e especialmente Antíoco IV Epífanes (175-164 a.C.), implantam um acelerado processo de helenização dos vários povos e cidades da região. A instabilidade do reino selêucida aumenta e Antíoco IV toma medidas helenizantes como forma de consolidar o seu poder. Concede o status de pólis a várias cidades, promove a adoração de Zeus e reivindica para si prerrogativas divinas, dando a si mesmo o nome Antíoco Theos Epífanes, que significa deus manifesto.
 
Lições do livro:
 
1)      Permanecer fiel ao chamado do Senhor (Importância da visão): Se não estivermos firmados na visão que o Senhor nos dá, corremos o risco de sair de sua vontade e deixar o que era de Deus pela vontade carnal e as conseqüências são desastrosas. Podemos perceber isso acontecer claramente através da mudança nas motivações das lutas dos Macabeus. Matatias inicia a luta motivado em zelar pela lei e pela aliança (2,49-50.64). Judas continua a luta do pai na mesma visão, passando da defesa ao ataque, com o intuito de libertar o povo da opressão e garantir a liberdade de culto, conseguindo grandes feitos como a purificação do templo e a vitória sobre os inimigos (3,1-9). Jônatas vai perdendo a visão e inicial e muda o rumo da luta, tornando-a uma articulação mais política e cheia de trocas. Neste período os macabeus começam a se unir com aqueles a quem combatiam e a partir das promoções que recebeu, Jônatas, antes líder de uma insurreição contra os Selêucidas, passa a ser funcionário do Estado que então combatia (10, 62-65). Simão continua na mesma linha de Jônatas, negociando com o inimigo, recebendo dele honrarias e presentes, vivendo no luxo (15,32). Morre bêbado, por traição (16,16). A expansão territorial acontece, mas a um preço muito caro e as futuras gerações de judeus sofrerão muito com os desmandos dos descendentes de Simão. Que distância entre o zelo e despojamento de Matatias, que largou tudo o que possuía para seguir esta visão (2,28), até o luxo e domínio dos descendentes de Simão, sendo que Aristóbulo I, filho e sucessor de João Hircano, chegou a encarcerar a mãe (que morre na prisão) e os irmãos, para assegurar o poder em suas mãos!
 
2)      Importância do Líder: Na história toda, vemos a importância do líder e sua conduta na direção do povo. Neste sentido, na condução e estratégia de batalha, Judas é um modelo de liderança. Sua estratégia de luta, torna-o invencível:
§Coloca cada batalha nas mãos do Senhor e ora, jejua e busca a palavra de Deus antes de cada peleja (3, 44.46-48; 4, 29-33).
§Reconhece que é Deus quem luta por eles e que portanto a vitória é dEle (3, 18-22; 4,11; 2 Mcb 8, 18-20).
§Dá a Deus toda a glória (3,55; 4,24).
§É corajoso e valente e encoraja seus soldados, não deixando que desanimem. É sempre o 1º a tomar as armas (3,58-60; 4,7-10; 5, 40-43.53; 2 Mcb 11,7; 2 Mcb 8 16 e 21).
 
3)                        Motivações Erradas: Muitas vezes a causa é certa, mas a motivação errada, ou seja, fazemos algo lícito e correto, mas com o coração fora da sintonia com Deus. Não adianta querer fazer algo que o Senhor não nos mandou fazer, pois Ele não compactua com nossas atitudes carnais e por conseguinte somos derrotados. São 3 as atitudes carnais que nos levam à derrota:
§Querer obter glória para si mesmo (5, 56-60.67).
§Desobediência (5,61)
§Não ter o chamado de Deus (5,62).
 
4)       Perigo das alianças: O livro mostra o perigo de buscar em outro lugar a ajuda que está em Deus. Até este dia Deus livrara Judas em todos os combates, inclusive combatendo exércitos muito mais poderosos do que o dele; porém Judas ouvindo falar dos Romanos e seu poder, quis ir pelo caminho mais fácil, buscar uma ajuda visível aos olhos humanos (8,1-29). Não lhe trouxe nenhuma vantagem humana e ainda perdeu a graça que o acompanhava, pois na próxima luta em que se encontrou, foi morto (9,3-18). Começou aí a semente que desviou os macabeus do plano de Deus. Quanto mais se empenhavam em manobras políticas e alianças, mais se vêem traídos e isso lhes custa a vida. Jônatan faz aliança com Demétrio no capítulo 11 e no capítulo 12, 1-2 com Roma e Esparta; no mesmo cap. é capturado e morto por Trifão depois de ter sido traído e enganado pelo mesmo Trifão que o enchera de presentes (12, 43.46.48; 13,23). Simão no cap. 15 faz aliança com Roma e no cap. 16 é assassinado com seus dois filhos, pelo próprio genro (16,11-16).
 
5)       Estratégias do Inimigo: Como o inimigo não podia vencê-los pela força, pois o Senhor estava com ele, usou sua velha estratégia de “seduzir”, como fez com Eva. Primeiro o inimigo tenta intimidar com lutas e perseguições, como nos primeiros capítulos, depois se não consegue vencer desta forma, tenta “comprar” os servos de Deus, oferecendo-lhes o que não é da vontade de Deus para fazê –los pecar. Jônatan não podia ser sumo-sacerdote porque não era descendente de Aarão, mas aceitou este cargo e pior ainda, nomeado por um gentio que os oprimia. Isto começou a gerar divisões, pois os Assideus       não aceitavam isso (10, 3-6.18-21.64-65). Com tantas honrarias, o poder vai subindo e ele já não ora mais antes das batalhas (10, 74-75). Vai recebendo cargos e promoções até que se encontra ao serviço do rei (11, 43-44). Simão continua e aumenta o afastamento do plano inicial de Deus: além do sumo-sacerdócio e dos cargos (14,38.47), ainda começa a viver no luxo e nas riquezas, tornando-se parte da elite (15,32). Ao conquistar Acra, a fortaleza dos gentios, fez dela seu palácio real. Apesar de ter feito muitas coisas boas pelo país, desviou-se da vontade de Deus.
Conseqüências Históricas: Assassinado, Simão é sucedido por seu filho João Hircano I, que continua o processo de judaização da Palestina. Mas, por adotar medidas militares políticas helenizantes, João Hircano I começa a enfrentar a oposição dos fariseus, grupo que vai se tornando cada vez mais popular. Aristóbulo I, filho e sucessor de João Hircano, apesar de ter governado apenas um ano, continua o processo de reaproximação com o helenismo. E a luta pelo poder no seio da família dos Macabeus é forte: Aristóbulo encarcera sua mãe e seus irmãos. Seu irmão Alexandre Janeu casa-se com a rainha viúva, Salomé Alexandra, proclama-se rei, e continua o processo de anexação de territórios na Palestina, levando suas fronteiras a um ponto que o país nunca mais tivera desde que fora destruído por Nabucodonosor em 586 a.C.              Entretanto, Janeu vai enfrentar pesada guerra civil no seu confronto com os fariseus. Agindo com crueldade extrema, ele controla a situação após 6 anos de sangrentos conflitos. Sua mulher Salomé Alexandra assume o poder depois dele e faz a paz com os fariseus, governando com grande habilidade.Mas seus dois filhos, Hircano II e Aristóbulo II, após a morte da rainha, entram em violenta disputa pelo poder, que só acaba com a chegada definitiva dos romanos na região. O general Pompeu anexa a Judéia à República Romana em 63 a.C. É preciso ressaltar que, pouco a pouco, o governo macabeu toma rumos semelhantes aos de seus inimigos Selêucidas, afastando-se dos ideais originais da resistência. É isto principalmente que provoca os atritos com os judeus mais rigorosos na observância da Lei.
Vocabulário: Estratego: chefe militar /  Meridarca: Governador de uma parte do reino. Etnarca: Governador de província.
 
QUESTIONÁRIO
1.      Na sua opinião, por que a palavra chave do livro é batalha?
2.      Qual o assunto deste livro e por que tem este nome?
3.      Sobre que período o livro nos dá informações históricas?
4.      Quem é o autor e em que época foi escrito?
5.      Qual a principal mensagem deste livro?
6.      Quais os partidos existentes na época e o que queriam cada um deles?
7.      O que são os Hasmoneus e Assideus? Quais os grandes grupos que se originaram deles?
8.      Qual o esquema deste livro?
9.      Qual o panorama histórico da época?
10. Quais as 5 lições deste livro?
11. Conforme a lição 1, qual a importância de se manter a visão?
12. De acordo com a lição 2, como deve ser um líder?
13. Baseando-se na lição3, quais as 3 atitudes carnais que nos levam à derrota?
14. Sabendo-se do perigo de buscar em outro lugar a ajuda que está em Deus, de acordo com a lição 4, como as alianças com o mundo podem nos afetar nos dias de hoje?
15. Quais são as estratégias do inimigo para nos tirar da batalha e como ela se manifesta em nossas vidas hoje?
16. Quais as conseqüências na história dos judeus?
17. O que mais te marcou neste livro?
18. Diante de tudo o que você aprendeu, qual deve ser nossa atitude frente a uma luta?