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Carne c
ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA
“JESUS É O SENHOR”
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TRÊS FRENTES DE OPOSIÇÃO AO PLANO DE DEUS
2º) Carne (c)
 
”No sentido etimológico, a ‘concupiscência’ pode designar qualquer forma veemente de desejo humano. A teologia cristã lhe deu o sentido particular de moção do apetite sensível que se opõe aos ditames da razão humana.
O apóstolo Paulo a identifica com a revolta que a ‘carne’ provoca contra o ‘espírito’. Provém da desobediência do primeiro pecado (Gn 3,11).
Transtorna as faculdades morais do homem e, sem ser pecado em si mesma, inclina-o a cometê-lo.”                Novo Catecismo it. 2515
 
       Vimos que a sede da alma é a mente. Segundo o dicionário grego (VINE), a palavra mais traduzida por mente é ‘nous’ , que significa de forma geral, o lugar da consciência refletiva, compreendendo as faculdades da percepção e entendimento, e do sentimento, julgamento e determinação (Lc 24,45; 1 Co 14, 15.19).
       Para melhor entendermos o funcionamento da mente vamos estudar um pouco o que a ciência (neuropsicologia) tem a nos ensinar. O primeiro passo é sabermos que a mente é muito mais complexa e maior que apenas o cérebro. Ela se constitui por um ‘banco de imagens’ distribuídas por todo o cérebro, que uma vez organizadas e processadas nos trazem conhecimentos sobre o mundo externo e interno (corpo e cérebro) e são acionadas pelas funções cognitivas de atenção e memória. Funciona mais ou menos como um banco de informações num shopping. Lá estão armazenadas as informações e quando uma pessoa necessita  de saber algo  se dirige  para lá e busca o que precisa; o atendente que traz a informação para nós teria a mesma função que tem a atenção (seleciona) e a memória (armazena). De posse da informação você define o que quer fazer (função do raciocínio).
       A mente é capaz de gerar imagens internas, organizar esta imagens e depois usá-las na formação do pensamento. Os pensamentos se unem encadeando-se de forma aparentemente lógica buscando um objetivo comum (raciocínio), que passará por um processo de seleção e culminará com uma decisão sobre um comportamento a ser seguido. Somente o ser que pode executar este processo possui uma mente. Por exemplo, um cachorro pode até ter um comportamento inteligente, mas não possui uma mente porque não é capaz de pensar, não é capaz de gerar imagens internas e organizá-las em forma de pensamentos, tomando decisões que o beneficiem. 
       Voltando ao exemplo do shopping, depois que a pessoa recebe as informações de que precisa, tomará uma decisão sobre o que fazer, baseado no que for melhor para ela naquele momento. Assim também age o pensamento, de posse das imagens organizadas e processadas, selecionadas pela atenção e armazenadas pela memória, tomará a decisão que for melhor para sua sobrevivência.
       Daí podemos perceber a importância das imagens em todo o comportamento do ser humano. A mente trabalha com imagens, que por sua vez produzem pensamentos e sentimentos, que liberam palavras. Sabemos que há poder em nossas palavras e que quando liberamos palavras de vida (bênçãos), produzimos vida, mas quando liberamos palavras de morte (maldições), produzimos morte. Ora, se satanás conseguir trabalhar com nossas imagens, certamente alcançará o raciocínio e por fim as palavras.
       As palavras são reflexos do que está no coração (Lc 6,45), e às vezes saem sem querer, em situações de pressão, mostrando o que está oculto lá dentro! É por isso que muitas vezes o Senhor nos coloca na fornalha, para que devido à pressão, saia tudo o que está camuflado e oculto em nós. Para que haja uma mudança, é preciso haver uma restauração das imagens que trazemos em nós.
       É por isso que Deus trabalha em seus chamamentos com visão. Ele trata de produzir uma imagem (visão) em nós, para que possamos caminhar movidos por ela e para que esta visão provoque modificações em nosso comportamento. Por exemplo, Abraão: Deus lhe deu uma promessa de ser pai de uma multidão (Gn 17,1-7), mas para que Abraão pudesse incorporar esta promessa, deu-lhe uma imagem, ‘as estrelas do céu e a areia do mar’ (Gn 15,5 e 22,17) e esta imagem foi passada de geração em geração, de forma que seus filhos depois dele, se lembravam dela (Is 48,19; Hb 11,12; Dt 1,10). Também com Moisés na sarça ardente (Ex 3,2); Isaías (Is 6,1-8) e tantos outros que caminharam pela fé, em razão de uma visão. Provérbios 29,18, nos adverte: “Por falta de visão, o povo  se corrompe”. Se não tivermos uma visão do Senhor em nosso coração, uma visão de onde queremos ir e da obra do Senhor, estaremos sujeitos a nos corrompermos no meio do caminho e não perseverarmos até o fim.
       Irmãos, para restauração de nossas almas, o Senhor quer restaurar nossas imagens. As imagens que temos de nós, dos outros, do Senhor e de sua obra.
       Provérbios 23,7 diz: “Porque assim como imagina em sua alma, assim ele é”. Sabemos pois, que somos o que vemos e temos o que dizemos!
       Minhas atitudes são respostas às imagens de minha mente, mas dependem do alimento que mando para minha alma (o que vejo, ouço, sinto, toco). Para alimentar minha mente de forma a restaurá-la, preciso da Palavra de Deus e da Eucaristia. Assim como quando alimentamos mal nosso corpo físico, sofremos as conseqüências, assim também se alimentamos nossa alma com fofocas, enganos, lamentações, novelas, pornografia, revistas de fofocas e futilidades, conversas tolas, músicas anti-cristãs, etc., nossa carne vai se fortalecer muito mais. Alimente a carne e ela será mais forte que o espírito. Alimente o espírito e ele será mais forte que a carne.
       Que Deus nos conceda uma visão dEle mesmo que nos alimente até o fim de nossos dias!
       “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida, porque a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou, o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo.” (1 Jo 1,1-3)
      
                                                                                                                                                                                                                                                                             Maio/2004