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Sofrendo por Amor
    ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA          
                    “JESUS É O SENHOR”
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Sofrer por amor
 
“A fim de viver em ato de perfeito amor, OFEREÇO-ME COMO VÍTIMA DE HOLOCAUSTO AO VOSSO AMOR MISERICORDIOSO, pedindo-vos que me consumais sem cessar, e façais irromper em minha alma as torrentes de infinita ternura que em vós se comportam, e assim me tornar mártir de vosso amor, ó meu Deus!”.
                                                                                  Santa Teresinha do Menino Jesus
       
Também para amar o Senhor dependemos dELe (1 Jo 4,10.19). É  Ele quem nos conquista e como noivo muito amoroso e cuidadoso, vai preparando sua noiva amada (Jr 31,3; Ef 5,27). Ele necessita de formar nosso carter, tirar de nós tudo o que impede este relacionamento profundo de amor, de forma que conforme vai nos tratando, o amor vai se tornando cada vez mais forte e assim nada, acontecimento algum pode destruir este relacionamento de amor (Ct 8, 6-7; Rm 8, 35-39). Oh! Que maravilhoso é  saber o quanto somos amados e com que intensidade Ele é capaz de fazer tudo por nós! Que gostoso  poder dizer: Eu sou do meu amado e Ele  meu ! (Ct 2,16).
       Se pudéssemos compreender o quanto Ele nos ama, não temeríamos nos abandonar completamente em suas mãos! Tudo o que vier dEle, deve ser recebido com alegria, pois é para nossa edificação. Santa Terezinha dizia: Jesus não exige grandes feitos, mas unicamente o abandono e a gratidão... Eis aí tudo o que Jesus exige de nós. Não precisa de nossas obras, mas unicamente de nosso amor.
       Eis o primeiro e único passo: abandonar-se nas mãos de Jesus e permitir que Ele faça de nós o que quiser. Amar e relacionar-se com Ele. Estar em total submissão e obediência. Permitir que molde nosso caráter. E aí podemos perguntar, como? Simplesmente seguindo os passos dEle.
     Jesus disse em Lc 6,40 que: “O discípulo não está acima do mestre; mas o discípulo bem preparado será como o mestre”. Pois bem, Jesus foi aperfeiçoado pelo sofrimento aprendendo por meio das tribulações que sofreu, ser obediente (Hb 2,10; 5,8). Cristo não precisava ser aperfeiçoado moralmente, mas precisava aperfeiçoar sua experiência humana, de forma que experimentando tudo o que um dia poderíamos e precisaríamos enfrentar, abriu caminho para nós (Hb 2,18).
       Ora, se Cristo, o Mestre, necessitou do sofrimento para ser aperfeiçoado, quanto mais nós, seus discípulos imperfeitos? É preciso que entendamos que todo sofrimento tem um propósito e faz parte do projeto de Deus para nossa santificação e preparo para reinar com Cristo eternamente (Fp 1,6). 
       Em Rm 5, 3-5; Paulo ensina que a tribulação trabalha para formação do nosso caráter e o amor de Cristo é derramado em nossos corações: “E não só isso. Até nas tribulações nos gloriamos. Pois sabemos que a tribulação produz paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade comprovada produz a esperança. E a esperança não engana, pois o amor de Deus se derramou em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado”.
            Precisamos entender que: “Se com ele sofrermos, com ele reinaremos” (2 Tm 2,12) e que  “É preciso passar por muitas tribulações para entrar no reino de Deus”(At 14,22).
            Existe uma bênção que só nos vem através do sofrimento. Muitos cristãos não querem beber do cálice que Cristo bebeu (Mt 20,22) e outros ainda querem beber o cálice de Deus e o dos demônios, o que é claramente condenável (1Co 10,21). Não podemos servir a dois senhores, não podemos servir ao prazer e ao sofrimento, ao amor próprio e ao amor ao outro, a realizar a nossa vontade e a realizar a vontade do Senhor (Mt 6,24).
       Muitas pregações têm sido feitas incentivando os fiéis a buscarem prosperidade material, poder e status humanos, servindo-se de Deus e sua palavra para atingirem fins egoístas e de busca do bem-estar próprio. Esta não é a boa nova do evangelho, que vem nos chamar à conversão, ao desapego às coisas deste mundo, à humildade e ao despojamento em favor do outro. Este tipo de pregação é muito perigoso, pois ao primeiro problema, a pessoa desiste de ser cristã, ou procura outro lugar (outra Igreja) para resolver seus problemas. Ela não se fixa em Jesus, mas em quem a ajude a conseguir o que deseja.
       Para Cristo conseguir uma Igreja gloriosa e com caráter à sua semelhança, terá que fazê-la passar por tribulações e sofrimentos, terá que experimentá-la no cadinho da humilhação; só assim ela poderá esvaziar-se de si mesma e deixar todo espaço para Jesus.
       Jesus nos convida a entrar pela porta estreita (Mt 7, 13-14). É interessante notar que há uma opção que cada um deve fazer. Posso decidir, escolher entre a porta estreita e a larga. Da mesma forma, quando Ele diz que quem quer seguí-lo deve ‘tomar sua cruz’(Mt 10,38; 16,24), implica também numa opção: posso tomar a cruz ou rejeitá-la. Jesus afirma que para seguí-lo é necessário optar pela cruz e quem não o faz, não é digno dele.
            Portanto, há um tipo de sofrimento que é opcional: você escolhe passar por ele.
            Há sofrimentos que são inevitáveis, não são opcionais e muitas das vezes vêm em conseqüência dos nossos atos de desobediência à Palavra de Deus (Gl 6,7), como no caso de Davi e Betseba, em que seu pecado resultou na morte de seu filho e como conseqüência a briga e divisão em sua família (2 Sm 12,9-14); estes exigem arrependimento, renúncia ao pecado e confissão. Outros vêm através de circunstâncias que envolvem pessoas que amamos, ou circunstâncias da própria vida; não podemos fugir deles e muitas vezes a solução não depende de nós, como as tribulações pelas quais passou Davi através da perseguição que lhe moveu Saul (1 Sm 20,30-31) . Estes carecem de intercessão e paciência, que produz perseverança (Ef 6,18; Tg 1,2-3). Todos estes sofrimentos produzem frutos em nossa vida, pois Deus tem uma maravilhosa e estupenda capacidade de transformar todas as coisas, inclusive nossos erros, em benção (Rm 8,28); foi o que fez o Senhor com Davi: de sua união com Betseba, nasceu Salomão, o escolhido para suceder a Davi e o responsável pela grandeza e consolidação do reino de Israel (1 Sm 12,24; 1 Re 2,12).
       Mas há um sofrimento, que deliberadamente escolhemos por amor ao reino de Deus; é algo que podemos recusar, fugir. Ao escolhermos determinadas posições, sabemos que virão perseguições e sofrimentos, mas o fazemos por amor, em sacrifício agradável a Deus. Podendo entrar pela porta larga, deliberadamente escolhemos a estreita; podendo deixar de lado a cruz, escolhemos tomá-la para seguir Jesus. É uma opção livre. É o caso de José, que preferiu a prisão e a perda de seus privilégios a pecar contra Deus e contra Potifar (Gn 39,6-20), ou de Daniel, que deliberadamente escolheu a morte à adorar a Dario, o Medo (Dn 6, 11-17).
      E quantos mais? Homens e mulheres dos quais o mundo não era digno, pois não amaram a sua vida até a morte (Ap 12,11), mas livremente a entregaram por amor a Deus e aos irmãos. Homens e mulheres que com seu testemunho satisfizeram o coração de Deus pelos milhares de outros que não se entregam, não amam, não sofrem e não pagam o preço de trazer o reino de Deus, como diz o autor de Hebreus 11, 35-38: “As mães receberam vivos os filhos mortos. Outros foram submetidos a torturas, recusando a libertação para obterem uma ressurreição melhor. Outros suportaram escárnio e açoites e ainda cárceres e cadeias. Foram apedrejados, torturados, serrados, morreram a fio de espada, andaram errantes cobertos com peles de ovelha e de cabra, necessitados, atribulados, maltratados. Eles, de quem o mundo não era digno, andaram perdidos nos desertos e montes, nas cavernas e covas da terra”.
       Ainda há necessidade de sermos participantes do sofrimento de Cristo, de participarmos da comunhão com seus sofrimentos (1 Co 3,10-11; 1 Pe 4,13-16); Paulo trazia em seu corpo a agonia  e as marcas de Jesus (Gl 6,17; 2 Co 4, 7-11). Na verdade, é um privilégio ser escolhido para participar dos sofrimentos de Cristo; alguns serão chamados para dar literalmente suas vidas por Jesus (Ap 7,13-14).  Nesta classe de cristãos não há lugar para os covardes, nem para os tímidos (Jz 7,3); somente aqueles que renunciarem a si mesmos poderão tomar sua cruz!
       Que o Senhor possa nos ensinar a sofrer por amor a Ele!
 
“E então, o próprio sofrimento se torna a maior das alegrias, quando o buscamos como o mais precioso dos tesouros”.    Sta. Teresa do Menino Jesus